‘Depoimento de empresário é falso’, diz defesa

Fausto Macedo, Ricardo Brandt, Mateus Coutinho, Julia Affonso e Leonardo Augusto

 23/09/2016

 

 

Advogado de Mantega afirma que ex-ministro ‘nunca conversou’ e ‘jamais tratou sobre contribuições de campanha’ com Eike Batista.

O advogado José Roberto Batochio, que defende o ex-ministro Guido Mantega, afirmou que seu cliente “jamais pediu propinas ou recursos para partido político”. Ainda segundo Batochio, Mantega afirmou a ele que “nunca conversou” com o empresário Eike Batista. Para o advogado, a ação da Polícia Federal na Operação Arquivo X, ontem, foi uma “violência”.

“Não houve nenhum encontro com Eike. O ministro Mantega assegura que jamais tratou com o sr. Eike sobre contribuição de campanha, sobre pagamento de despesas eleitorais.

Portanto, o depoimento desse empresário é absolutamente falso”, afirmou Batochio.

O ex-ministro da Fazenda foi preso ontem de manhã com base na acusação do empresário, que disse ter repassado US$ 2,3 milhões para o PT a pedido de Guido Mantega.

“Vamos verificar qual é a imputação ao ministro Mantega para depois nos manifestarmos”, disse o criminalista.

“Mas posso garantir que o ministro jamais pediu propinas ou recursos para partido político.” Para o advogado, Eike “percebeu que estava sendo investigado e, possivelmente, seria alcançado pela mão da Polícia Federal”.

“Então, procurou espontaneamente o Ministério Público Federal e fez um escambo, ‘se não me prenderem posso acusar alguém importante’.”

‘Deformidades’. Batochio ironizou ainda o termo “propinocracia”, usado pelos procuradores da força-tarefa ao denunciar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. “Essa violência contra Guido Mantega mostra que a delação premiadocracia produz deformidades monstruosas. É preciso acabar com a delação premiadocracia ou vamos entrar numa conflagração social”, afirmou o criminalista, que também defende o ex-presidente.

Para o advogado, “as liberdades individuais e as garantias pessoais estão sequestradas no Brasil e o cativeiro é o Paraná (base da Operação Lava Jato)”.

Eike não fez delação premiada, mas, para Batochio, o empresário agiu como colaborador em busca de benefícios.

Empreiteira. O advogado da empreiteira Mendes Júnior, Marcelo Leonardo, negou ontem que a construtora tenha pago propinas. “Pagamentos à classe política não é assunto da Mendes Júnior”, afirmou. Exexecutivos da empresa foram alvo da Operação Arquivo X.

O criminalista Roberto Podval, defensor de José Dirceu, negou enfaticamente que o ex-ministro da Casa Civil tenha recebido propinas.

O defensor do casal de exmarqueteiros do PT João Santana e Mônica Moura, criminalista Fábio Tofic Simantob, disse ontem que não iria se manifestar sobre a citação aos seus clientes nas investigações da Operação Arquivo X.

A defesa de João Augusto Henriques, apontado como lobista do esquema na Petrobrás, não foi localizada. O PMDB tem negado participação em irregularidades.

Ontem, nenhum representante do partido foi localizado para comentar.