Viajar pelo JK fica mais caro

 

23/07/2016
Simone Kafruni

 

As tarifas do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, vão ficar mais caras a partir de 21 de agosto. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou o reajuste das taxas de embarque e conexão de passageiros, e de pouso e permanência de aeronaves em 8,02%. A medida foi publicada ontem no Diário Oficial da União. A concessionária Inframérica, consórcio que administra o terminal, tem 30 dias para repassar o aumento.

A taxa de embarque doméstico vai subir de R$ 25,79 para R$ 27,79. A tarifa de embarque internacional passará de R$ 105,63 para R$ 109,28. Os reajustes também consideram a incidência do percentual de 35,9% relativo ao Adicional de Tarifa Aeroportuária (Ataero), destinado ao Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac).

Para os passageiros, é mais uma notícia ruim, além da redução no número de voos e do aumento no preço médio das passagens. O militar Fábio Souza, de 30 anos, que voltava ontem para o Rio de Janeiro, depois de fazer um curso na capital federal, lamentou a decisão. “Mais um reajuste. Em período de crise, sobe tudo. A saída é planejar a viagem com mais antecedência para conseguir promoções e compensar o aumento nas taxas”, disse.

O casal de servidores públicos Luciana Gottschall, 35, e Adalton Matos, 34, também reclamou do aumento. “Está cada vez mais difícil viajar. A gente fazia cinco, seis viagens por ano. Agora, estamos em julho, e esta é a primeira deste ano”, comentou Luciana, na fila do check-in para embarcar para o Rio. Ela contou que chegou a pesquisar uma viagem para o Uruguai, mas desistiu. “Passagens caras, hotel também. E, agora, a tarifa internacional vai subir mais”, disse.

 

O estudante João Victor Vieira Taveiro, 21, e a engenheira civil Paula Viana Queiroz Andrade, 24, ambos de Goiânia, decidiram passar o fim de semana no Rio e lamentaram mais um reajuste nas tarifas. “Compramos as passagens com três meses de antecedência para conseguir um preço bom, mas está cada vez mais caro viajar de avião”, comentou Taveiro.

 

Inflação

Além das taxas de embarque, os tetos das tarifas de armazenagem e capatazia (carregamento e descarregamento) de cargas vão subir 8,84%. De acordo com a Anac, o reajuste foi aplicado sobre os tetos estabelecidos em 2015, considerando a inflação acumulada entre junho do ano passado e junho de 2016, medida pela variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período.

A Inframérica explicou que o reajuste das tarifas aeroportuárias está previsto no contrato de concessão e ocorre uma vez por ano para todos os aeroportos. As tarifas aeroportuárias são valores pagos à concessionária pelas companhias aéreas ou pelo operador da aeronave. “A tarifa de embarque é a única paga pelo passageiro e tem a finalidade de remunerar a prestação dos serviços, instalações e facilidades disponibilizadas pela concessionária aos passageiros. Os reajustes estão previstos nos contratos como mecanismo de atualização monetária e têm como objetivo preservar o equilíbrio econômico-financeiro estabelecido nos contratos de concessão”, informou a empresa.

O Aeroporto de Brasília fechou 2015 com 9% de crescimento e 19,8 milhões de passageiros. O terminal consolidou-se, pelo segundo ano consecutivo, como o segundo maior do Brasil. No ano passado, 186.377 mil aeronaves pousaram e decolaram rumo a mais de 50 cidades brasileiras e seis destinos no exterior, uma média de 509 voos por dia e fluxo diário foi de cerca de 54 mil pessoas.

 

Correio braziliense, n. 19415, 23/07/2016. Economia, p. 9