Título: Dilma telefona para dona Marisa
Autor: Campbell, Ullisses
Fonte: Correio Braziliense, 30/10/2011, Política, p. 2

A presidente Dilma Rousseff conversou ontem no início da tarde por telefone com dona Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pouco depois, divulgou uma nota, afirmando estar ao lado de Lula, como sua "amiga, companheira, irmã e admiradora". Dilma disse apostar na força, determinação e capacidade de superação do ex-presidente, a quem se referiu como "um líder, um símbolo e um exemplo para todos nós".

Dilma vai a São Paulo amanhã, viagem que já estava marcada, e talvez visite seu antecessor. "Em meu nome e de todos os integrantes do governo, junto-me neste momento ao carinho e à torcida de todo o povo brasileiro pela rápida recuperação do presidente Lula", afirma a nota.

A presidente destacou também o fato de os exames preventivos terem identificado o tumor em um estágio que permite a cura. "Como todos sabem, passei pelo mesmo tipo de tratamento, com a competente equipe médica do Hospital Sírio-Libanês, que me levou à recuperação total. Tenho certeza de que acontecerá o mesmo com o presidente Lula", disse Dilma.

Em abril de 2009, então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma recebeu o diagnóstico de um linfoma. O tratamento já havia começado antes mesmo de os médicos saberem com exatidão do que se tratava, com a retirada de um nódulo de 2,5 centímetros da axila esquerda. O linfoma não Hodgkin, diagnosticado em Dilma, se caracteriza pelo aparecimento de gânglios em qualquer região do corpo. A descoberta do nódulo ocorreu por acaso, durante um checape.

Dilma teve sucesso no tratamento realizado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde foi tratado o então vice-presidente José Alencar e onde Lula se trata agora, em São Paulo. Em setembro de 2009, ela recebeu a notícia de que estava "livre" do linfoma. Dois dos médicos que trataram de Alencar e de Dilma, Roberto Kalil Filho e Paulo Hoff, assinam o boletim médico de Lula .

A guerra de Dilma contra a doença incluiu seis sessões de quimioterapia, de até três horas cada, com intervalos de 21 dias entre uma e outra. Ao todo, foram quatro meses de tratamento. Foi implantado um cateter na altura da clavícula, pela qual era injetado o medicamento. Ela perdeu cabelo e chegou a usar uma peruca. Em maio de 2009, foi internada queixando-se de fortes dores nas pernas. Na ocasião, foi diagnosticada com miopatia, uma inflamação muscular provocada pelo tratamento contra o câncer.