Título: Governador repudia acusação
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 30/10/2011, Política, p. 8

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, reagiu ontem às denúncias veiculadas pelas revistas Época e IstoÉ , ressaltando que elas são resultados de fatos antigos que voltam à tona sem amparo na realidade legal. Ao frisar que seus detratores não têm condições de acusá-lo, Queiroz promete agir de todas as maneiras, tanto no plano político quanto no jurídico, para rebater as acusações de suposta participação no esquema de desvio de recursos no Ministério do Esporte. "Não posso responder por atos de terceiros. Quanto a mim, tentam agora ressuscitar acusações usadas pelos adversário políticos na campanha eleitoral e desmontadas com medidas da própria Justiça. Entre tantas versões, o fato é que não estou entre os denunciados pelo Ministério Público, no referido inquérito", declarou.

Segundo o advogado de Agnelo, Luis Carlos Alcoforado, o governador considerou lamentável que fatos "velhos" e "inverossímeis" passem a ser considerados "novos" e "verdadeiros". Alcoforado ressalta que as denúncias foram elaboradas dentro de um sistema político maniqueísta que existia durante o governo passado, envolvendo setores do Executivo e do Ministério Público. "Nenhuma das pessoas citadas nas respectivas reportagens tem condições éticas, morais e políticas para fazer qualquer tipo de acusação", completou ele.

De acordo com a assessoria do governador, as informações publicadas tanto na revista Época quanto na IstoÉ constam no inquérito que passou pelo Ministério Público Federal e que tramita na 10ª Vara de Justiça Federal do Distrito Federal. E que, nesse inquérito, o Ministério Público ajuíza ação contra sete acusados, não há o nome do governador do Distrito Federal.

Além disso, o processo que tramitava na 12ª Vara Federal foi remetido ao Superior Tribunal de Justiça porque Agnelo foi citado no depoimento de um dos investigados. Mas isso, reforçam, não significa qualquer envolvimento dele em irregularidades. "Se da análise detida realizada pelo MPF nos autos anteriormente citados houvesse qualquer indício de participação do governador do Distrito Federal, certamente ele teria sido arrolado no polo passivo da referida ação, o que não ocorreu", informou a Secretaria de Comunicação do GDF.

Além das questões jurídicas, a análise do GDF é de que houve "direcionamento político" na origem da investigação que estava em nível local. Aliados do governador afirmam estarem confiantes de que, em outra instância, em campo limpo, "os que cometem, agora sim, crimes contra Agnelo Queiroz com calúnias", sejam responsabilizados. O governador reclamou a interlocutores próximos de que houve uso da máquina pública em nível local na "construção e no direcionamento" desse inquérito, por parte dos setores ainda contaminados pelas forças políticas do passado.

Assessores do governo lembram que, no momento em que o inquérito veio à tona, o DF tinha um governador na cadeia, uma Polícia Civil acéfala e um Ministério Público local que reagia ao comando de um personagem que terminou sendo investigado, defenestrado de seu posto e que hoje responde a ações judiciais. E foi parte dessa polícia e parte desse Ministério Público, àquele momento envolvidos na luta política de um submundo, que tornaram-se adversários de Queiroz na campanha de 2010.

Sobre a suposta proximidade de Agnelo com o PM João Dias — pivô das denúncias que levaram à exoneração do ministro Orlando Silva —, assessores afirmaram que ele sempre manteve relações com seus correligionários como rotina da vida político-partidária. "Agnelo e João Dias eram militantes da mesma agremiação partidária, ambiente em que, inevitavelmente, surge o conhecimento. Agnelo sempre participou de reuniões e recebeu infinitas ligações, razão por que não se pode especificar com quem ele, como político, trocou conversas e cumprimentos." (PTL)

"Nada consta" O juiz federal substituto da 10ª Vara de Justiça Federal, Ricardo Augusto Leite, indeferiu pedido feito pelo governador Agnelo Queiroz de acesso aos autos do processo que tramitava em segredo de Justiça. Na justificativa, feita em 28 de outubro (sexta-feira), o magistrado alegou que o governador não consta entre os sete acusados no processo em trâmite. Agnelo protocolou na Justiça o pedido para ter acesso "amplo aos elementos e documentos de procedimento investigatório, além de vista e cópia integral dos autos e mídias nelas contidas". No pedido, justificou que era necessário o requerimento "em vista a veiculações anexas, que narram que contra o ora solicitante existiriam imputações nos autos em referência".