Correio braziliense, n. 19425, 01/08/2016. Política, p. 3

Protestos tímidos pelo país

Claques favoráveis e contrárias à condenação de Dilma Rousseff medem forças em 20 estados e no DF. Público ficou aquém do previsto

 

Manifestantes favoráveis e contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff se manifestaram por todo o país ontem. Ao todo, houve protestos em ao menos 21 unidades da federação pedindo a condenação da petista. Em 12, a palavra de ordem era pela saída de Michel Temer e a absolvição dela no Senado. Na maioria dos casos, o público presente decepcionou os organizadores e ficou muito distante das manifestações de março e abril, quando a Câmara dos Deputados aprovou a abertura de processo contra Dilma.

Em Brasília, o protesto foi favorável ao impeachment, na Esplanada dos Ministérios. A Polícia Militar estimou em 5 mil pessoas os participantes, que ficaram cerca de três horas na região. A manifestante Carla Vianna Prates, 56 anos, historiadora, culpou militantes petistas pelo fato de o público ter sido pequeno: “Aqui está vazio hoje graças ao boicote dos petralhas”. Segundo o coordenador, André Luiz, o movimento não concorda com todas as ideias expostas na manifestação, como os pedidos por intervenção militar. “Se estivéssemos em guerra, ou algo assim, talvez, mas não há necessidade”, pondera. Segundo ele, o movimento é legalista. “Dentro dessa possibilidade, o primeiro passo é o impeachment. Não somos a favor de novas eleições, por exemplo”, afirmou.

Além da intervenção, manifestantes também defenderam a nomeação do juiz Sérgio Moro para o Supremo Tribunal Federal (STF) e o fim da imunidade parlamentar. Logo no início da manifestação, por volta das 11h, um grupo de cerca de 15 pessoas pró-Dilma discutiram com os manifestantes. Para evitar a confusão, a Polícia Militar escoltou o grupo para fora da região.

 

Nos estados

Em São Paulo, público foi ao Largo da Batata pedir “Fora, Temer”.  Candidata à prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina (PSol) disse que a soberania popular estava em risco com a abertura do processo de impeachment. “Aqueles que lutaram por décadas para resgatar o direito à soberania popular, que está sendo ameaçado, afrontado, golpeado por alguém que usufruiu seus anos de um governo eleito democraticamente pelo povo”, afirmou. Na Avenida Paulista, a ausência do Movimento Brasil Livre (MBL) fez com que o Vem Pra Rua fosse sozinho pedir o impeachment de Dilma. Para Rogério Chequer, líder do grupo, a presença baixa de manifestantes no evento era esperada. “As pessoas estão tomando como certa a aprovação do impeachment no Senado”, afirmou.

No Rio de Janeiro, Copacabana recebeu, durante três horas, um protesto contra a presidente Dilma. O público se concentrou em um trecho de cerca de 500 metros da Avenida Atlântica, entre os postos 4 e 5. “Estamos comemorando. As pessoas ainda estão mobilizadas. Achei que o clima de ‘já ganhou’ pudesse atrapalhar. Mandamos o nosso recado para a imprensa internacional: não toleramos mais a corrupção no Brasil” disse Adriana Balthazar, do Vem Pra Rua. A manifestação capitalizou a presença da imprensa internacional devido aos jogos olímpicos.

Na Igreja da Candelária, um grupo se reuniu pelo “Fora, Temer”. “Os direitos sociais que a Dilma deu para o povo não podem ser perdidos pela sociedade. Queremos ver nossos 54 milhões de votos respeitados”, disse Edda Castro, do Movimento Frente Brasil Popular.