Olimpíada traz US$ 200 mi

 
27/07/2016
Rodolfo Costa

 

Os Jogos Olímpicos vão aumentar o ingresso de recursos externos na economia. Segundo projeções do Banco Central (BC), o evento vai gerar um gasto adicional de US$ 200 milhões por estrangeiros em território brasileiro. O valor, no entanto, é inferior aos US$ 900 milhões gerados pelo consumo de turistas no país durante a Copa do Mundo, em 2014.

O cálculo da autoridade monetária leva em consideração dados das últimas três cidades que receberam a Olimpíada: Londres, em 2012; Pequim, em 2008; e Atenas, em 2004. O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, destacou que a estimativa se refere às despesas adicionais ao que habitualmente já é gasto por estrangeiros no país. “A cidade do Rio de Janeiro tem um fluxo permanente de turistas. Esperamos que o impacto desses US$ 200 milhões ocorra, de maneira diluída, entre julho e setembro”, afirmou.

Maciel reconheceu que a previsão pode ser questionada, mas enfatizou que os critérios adotados são críveis. “Há alguma incerteza nessa projeção. Mas ela foi feita com base nos dados do balanço de pagamentos de países que realizaram o evento que trouxemos para o nosso exemplo”, enfatizou.

A projeção do BC não é muito distante do valor estimado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade prevê um incremento de US$ 256,2 milhões entre agosto e setembro no consumo de estrangeiros no país, totalizando em US$ 1,040 bilhão. “Se não fosse pelo ‘efeito Olimpíadas’, falaríamos de um volume de US$ 783,8 milhões em receitas no período”, disse o economista-sênior da entidade, Fábio Bentes.

 

Viagens

A expectativa é de que a receita extra contribua para suavizar o deficit da conta de viagens internacionais do balanço de pagamentos, que já vem diminuindo devido à alta do dólar. No acumulado do ano, esse item acumulou um rombo de US$ 3,38 bilhões. Somente em junho, a rubrica ficou no vermelho em US$ 970 milhões. O resultado é fruto de gastos de brasileiros no exterior acima das despesas de estrangeiros no Brasil.

No mês passado, porém, as despesas das famílias fora do país caíram 16,8% na comparação com igual período de 2015, totalizando em US$ 1,37 bilhão, o valor mais baixo para o período desde 2010. A queda reflete o dólar elevado, o aumento do desemprego e a redução da massa de rendimentos. No acumulado do ano, os desembolsos fora do território brasileiro ficaram em US$ 6,53 bilhões, recuo de 34,3% em relação ao primeiro semestre de 2015. O volume é o menor desde 2009.

Os dados do BC mostram ainda que, após dois meses de superavits, o saldo em transações correntes — que inclui a balança comercial e as contas de serviços e de rendas — registrou deficit de US$ 2,48 bilhões em junho. Apesar do rombo, o resultado foi o melhor para o mês desde 2009. No acumulado do ano, as contas externas estão no vermelho em US$ 8,44 bilhões. Para Tulio Maciel, os números refletem a retração da atividade econômica e, no resultado de junho, a valorização do real. “Isso evidencia de maneira clara o ajuste muito significativo que está ocorrendo nas contas externas”, disse Tulio Maciel.

 

Correio braziliense, n. 19420, 27/07/2016. Economia, p. 8