Título: Do limão à limonada
Autor: Mariz, Renata; Amado, Guilherme
Fonte: Correio Braziliense, 04/11/2011, Política, p. 2

As reclamações sobre o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), recém-lançado para o Brasil, procedem. O indicador está muito desatualizado, usando dados de 2006. Além disso, foi construído para uma estrutura de pobreza africana/asiática, diferente da brasileira. Desse modo, tem pouca relevância para a política pública do país. O resultado de 2,7% de "pobres multidimensionais" é menor do que 8,5% de pobreza extrema e 11,5% de insegurança alimentar moderada e grave, números do próprio governo brasileiro.

Mas isso não quer dizer que o conceito de pobreza multidimensional não tenha inúmeras virtudes na mensuração da miséria e que esforços conjuntos entre o Pnud e o governo brasileiro não possam gerar uma nova versão para a criação de um "IPM Brasileiro" que seja mais adequado às condições da pobreza extrema no país. Em nome de 16,2 milhões de brasileiros (8,5% da população em pobreza extrema), é preciso transformar esse limão em uma limonada.

Flavio Comim, economista, pós-doutor pela Universidade de Cambridge e consultor do Pnud no relatório de IDH do ano passado.