Título: Vítima do rolo compressor
Autor: Campbell, Ullisses; Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 04/11/2011, Política, p. 3

A pressão descomunal sofrida pela senadora Marta Suplicy para que abrisse mão da disputa pela prefeitura de São Paulo mostra o tamanho do rolo compressor montado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para eleger seu pupilo Fernando Haddad. Com o selo de ex-prefeita, Marta tinha 30% das intenções de voto no diretório, é senadora, mas viu seu poder de influência ser drenado gradativamente pela burocracia petista para que fosse construída a maioria interna a favor de Haddad.

A máquina partidária vai voltar-se agora para Jilmar Tatto e Carlos Zarattini. O último reconheceu que os emissários do ministro da Educação já lotam sua caixa de mensagens do celular. Tatto vê a possibilidade de ser líder do PT no ano que vem, com o apoio de Ricardo Berzoini e Paulo Teixeira — ambos apoiadores da candidatura Haddad.

Mais uma vez, Marta viu-se obrigada a abrir mão de um projeto pessoal em prol da legenda. Já fizera isso em 2006, quando Aloizio Mercadante disputou pelo partido o governo de São Paulo. Isso a torna credora. Mas, no PT, nem sempre a conta pró-cliente fecha como deveria. Ela pode ser a candidata do partido ao governo de São Paulo em 2014, sonhar com uma vaga na Esplanada ou até pretender ser a presidente do Senado daqui a pouco mais de um ano.

Nada disso, contudo, é garantido. A única certeza é que ela sofreria se não abrisse mão da pré-candidatura. Basta ver o constrangimento pelo qual passou nos últimos cinco dias.