Título: Começa a corrida pela liderança do PT
Autor: Decat, Erich
Fonte: Correio Braziliense, 04/11/2011, Política, p. 4

José Guimarães e Jilmar Tatto disputam o cargo e podem dividi-lo nos próximos dois anos. Só falta combinar quem inicia 2012 no posto

Com a proximidade do fim do ano, integrantes das diferentes correntes que compõem o PT já começam a se movimentar nos bastidores da Câmara para escolher o próximo líder do partido, que assumirá o posto em fevereiro de 2012, após o recesso parlamentar. Além do comando do PT na Casa, o jogo de força entre os grupos da sigla também se concentra na escolha dos presidentes das principais comissões temáticas da Câmara. Por ser a maior bancada, com 87 deputados, a legenda comanda hoje três dos principais colegiados: Constituição e Justiça, Educação e Finanças e Tributação. No caso dessa última, no próximo ano, o PT deve passar o bastão para o PMDB. Em troca, os petistas assumem a Comissão de Seguridade Social.

A discussão oficial, segundo o atual líder, Paulo Teixeira (SP), começará no início de dezembro, quando ele pretende reunir a bancada para estabelecer o processo sucessório. Até essa data, nos bastidores já se trabalha com duas candidaturas: a de José Guimarães (CE) e a de Jilmar Tatto (SP). O primeiro faz parte do grupo que tentou emplacar o atual líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (SP), na presidência da Câmara, no início do ano, mas foi derrotado. No lugar de Vaccarezza assumiu o comando da Casa Marco Maia (RS), que, na ocasião, contou com o apoio do grupo de Paulo Teixeira e do ex-presidente da Casa Arlindo Chinaglia (SP). Tatto faz parte desse segundo grupo. O deputado também está na lista dos pré-candidatos que vão disputar as prévias do PT para as eleições municipais de São Paulo de 2012.

Trampolim político Para integrantes do partido ouvidos pelo Correio, a candidatura dele serve apenas de trampolim para a disputa na liderança na Câmara, uma vez que o nome mais cotado para concorrer à prefeitura paulistana pelo partido é o do atual Ministro da Educação, Fernando Haddad, que tem o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff. Lula e Dilma atuaram para a retirada da pré-candidatura da principal adversária de Haddad, a senadora Marta Suplicy (SP).

"O entendimento que está se tentando construir é que cada um assuma a liderança por um ano. Agora, quem vai ser o primeiro, não sei", disse Paulo Teixeira. Tatto defende que ele seja o número um da lista. "Gostaria que o meu nome fosse o primeiro. Ajudaria muito em uma eventual candidatura a prefeito, daria muita visibilidade do ponto de vista do calendário eleitoral", avaliou o parlamentar.

Esse argumento, entretanto, é questionado pelo colega de bancada André Vargas (PR), integrante do grupo que perdeu espaço na Câmara no início da atual legislatura. "O primeiro ano deve ser de José Guimarães. Apoiamos por consenso o Paulo Teixeira. Agora é a vez de vir um dos nossos", defendeu Vargas. Procurado pelo Correio, José Guimarães desconversou sobre a candidatura. "Vou pensar nisso apenas em fevereiro", despistou.

Se por um lado a disputa pela liderança do partido divide algumas correntes, por outro, a permanência de Cândido Vaccarezza na liderança do governo, até o momento, não é questionada. "Não vamos discutir isso", adiantou Teixeira. "Cândido Vaccarezza deve permanecer porque conseguiu votar tudo e administrar a base. Ele está com uma imagem positiva", avaliou André Vargas. Além dos cargos de líder do partido e de governo, deve entrar no debate o posto de presidente da Comissão de Orçamento do Congresso, que ficará na mão de um deputado do PT no próximo ano.