Protestos entram em seu décimo dia

Cristiane Agostine

09/09/2016

 

 

No décimo dia seguido de manifestações contra o governo Michel Temer na capital paulista, o líder do MTST, Guilherme Boulos, disse ontem que o presidente "não terá governabilidade nas ruas". Boulos voltou a criticar a atuação da Polícia Militar na repressão de atos "Fora Temer" e em defesa das diretas já. Não houve registro de incidentes. Segundo os organizadores, cerca de 15 mil pessoas participaram do ato.

"Esses de dias de manifestações mostraram que Temer não tem e nem vai ter a governabilidade das ruas", disse Boulos, no ato contra Temer, que começou no largo da Batata e foi até a casa do presidente em Alto de Pinheiros, onde chegou por volta de 20h20. "Temer e sua turma provocaram ao dizer que os atos tinham 15, 40 pessoas. Colocamos 100 mil na Paulista e ele tomou vaia de um Maracanã lotado", disse. No domingo haverá um novo ato na Paulista das frentes que reúnem movimentos sociais como CUT, UNE, MST e MTST.

Também presente ao ato, o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, convocou os manifestantes para uma greve geral, no dia 22. "Vamos parar as atividades, atrasar a produção", disse Freitas. O dirigente sindical disse que na próxima semana a CUT protestará em Brasília contra o projeto de terceirização.

O líder dos sem-teto afirmou que a segurança em São Paulo tem um duplo comando. "É o Alexandre de Moraes quem dá as cartas aqui", disse, pedindo vaias contra o ministro e ex-secretário. "Eles acharam que iriam nos intimidar, nos tirar da rua e a resposta está sendo clara. Não estamos de brincadeira."

O ex-senador Eduardo Suplicy (PT) defendeu uma consulta popular para antecipar a eleição presidencial. "Quero deixar recomendação ao Temer. Se ele quer pacificar e unificar o país ele tem um caminho: convocar junto com o Congresso Nacional uma consulta popular no dia 2 de outubro, junto com a eleição municipal", disse. "Ele deve perguntar ao povo se quer que ele continue no governo. Se o resultado da consulta popular for majoritariamente não, que ele se comprometa junto com o Congresso a convocar eleições livres e diretas até dezembro", afirmou.

No início do ato, policiais militares, parados perto de uma das saídas da estação Faria Lima, abordaram e revistaram manifestantes. Advogados acompanharam as revistas. Um deles, Guilherme Monaco, de 26 anos, é filiado ao Psol. "Há uma certa seletividade na escolha de quem é revistado. Estamos acompanhando a ação para que não haja ilegalidades", disse Guilherme.

O bancário Eduardo Nogueira Máximo reclamou da abordagem policial. "É um absurdo. Revistaram minha mochila sem motivo nenhum. Os policiais estão reprimindo os manifestantes em todos os atos contra o Temer", disse. Durante a abordagem, três PMs filmaram a reclamação do bancário.