Correio braziliense, n. 19443, 19/08/2016. Política, p. 3

PMDB avalia expulsão de Kátia Abreu

Por: Julia Chaib

 

Amiga da presidente afastada, Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) pode estar com os dias contados no partido do presidente interino, Michel Temer. Ex-ministra da Agricultura no governo da petista, Kátia tornou-se uma das mais ferrenhas defensoras da presidente afastada. A Executiva do PMDB deve se reunir ainda em setembro, após a conclusão do processo de impeachment, e analisar o pedido de expulsão de Kátia já existente.

A senadora e outros três ministros peemedebistas só deixaram o governo de Dilma quando a presidente foi afastada, em maio, desrespeitando a decisão de debandada do partido, em março. O único ministro que saiu um dia após a decisão da legenda foi o então titular do Turismo, Henrique Eduardo Alves (RN).

Por causa da atitude, o diretório da Bahia encaminhou representação pela expulsão de Kátia por “desobediência às decisões do Diretório e da Convenção Nacional do PMDB”. Os ex-ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde) também são alvo de representações de outros diretórios.

Não há, na história do PMDB, casos de expulsão de integrantes como punição. Por isso, até mesmo integrantes da legenda achavam difícil que isso ocorresse. O caso de Kátia, porém, pode ser diferente porque a senadora tem sido enfática ao defender Dilma e inclusive integrou a comissão especial do impeachment como parte do bloco de apoio à petista. No colegiado, a senadora chamou de “farsa” o processo, disparou críticas diretas ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deflagrou o processo.  Apesar da provável análise dos pedidos, esta semana, que antecede o julgamento sobre o mandato de Dilma, não é um tema central na agenda do partido. Segundo a assessoria do senador Romero Jucá (RR), presidente do PMDB, a legenda não está tratando internamente do assunto neste momento, nem definiu prazo para tratar.