Dilma critica propostas de reformas de Temer

Cristian Klein 

22/09/2016

 

Em comício de apoio a candidatura da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) à Prefeitura do Rio, a ex-presidente Dilma Rousseff criticou medidas do sucessor Michel Temer, ao qual voltou a qualificar como golpista, e defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, processado no âmbito da Operação Lava-Jato. "O país atravessa um momento muito difícil, um processo sistemático de ruptura institucional. Primeiro, atacaram a mim e agora ao Lula. E fazem de uma forma muito, mas muito, golpista", disse, durante discurso de 20 minutos em palco montado na Cinelândia, no centro do Rio. No esforço de levar Jandira, que foi um dos expoentes da tropa de choque anti-impeachment, ao segundo turno na corrida municipal, será a vez de Lula ir ao Rio, na segunda-feira, para um ato em Bangu, na zona oeste da cidade.

Dilma criticou projetos em curso do governo Temer, como as reformas trabalhista e da Previdência, e a proposta de emenda à Constituição (PEC), que limita os gastos do Orçamento federal ao reajustá-lo de acordo com a inflação, sem crescimento real. "Há um risco de retrocesso, de se congelar o orçamento, de os pobres não caberem mais no orçamento, de redução per capita dos gastos em saúde e educação, quando a gente deveria fazer o contrário. Reduzir os gastos de educação é um crime contra a juventude, é um crime contra o país", disse.

A ex-presidente também rechaçou mudanças na política de conteúdo nacional. "O que a Petrobras precisa pode ser produzido aqui para gerar empregos. Jandira e Edson Santos [vice da chapa e ex-ministro da Igualdade Racial] sempre lutaram pela garantia dos empregos. E agora leio nos jornais que querem importar plataformas mais uma vez do exterior. Temos 70 mil pessoas com trabalho qualificado. Se disserem que é uma política bolivariana, saibam que é uma prática inventada pelos países avançados. Se nós queremos nenhum direito a menos, também não queremos transferir empregos para Coreia, Japão ou qualquer país que seja", afirmou.

Dilma recebeu muitas flores da plateia de apoiadores, que ocuparam cerca de metade da Cinelândia. Os gritos de "Jandira, prefeita!" rivalizaram o tempo todo com o "Volta, Dilma". "Eleger Jandira aqui no Rio de Janeiro é um 'Volta, Dilma', significa a retomada da democracia. Ela precisa de estar no segundo turno. Somos capazes de virar esse jogo. Jandira, assume essa prefeitura", conclamou a ex-presidente, que mencionou a luta contra a violência doméstica, numa crítica indireta ao candidato do PMDB Pedro Paulo, cujo caso de agressão à ex-mulher foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal.