Título: Ações protecionistas
Autor: Ribas, Silvio
Fonte: Correio Braziliense, 04/11/2011, Economia, p. 10

O governo brasileiro, que recentemente aumentou os impostos sobre a importação de automóveis, quer suprimir da declaração final da reunião de cúpula do G-20 qualquer referência contra o protecionismo comercial. Segundo fontes que participam das discussões, os técnicos tentam retirar do texto diretrizes incluída no encontro de Toronto, em junho do ano passado. Nelas, os países se comprometeram a manter seus mercados abertos para combater a crise global, que causou a maior queda do comércio em mais de 70 anos, e renovar até o fim de 2013 o compromisso de não aumentar ou impor novas barreiras aos investimentos ou ao comércio de bens e serviços.

Na declaração de 2010, os membros do G-20 prometeram não aplicar medidas que firam as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC). O dispositivo contraria ações protecionistas recém-adotadas pelo Planalto, sendo a mais ruidosa a que encareceu a compra de automóveis importados. Em outubro, o superavit comercial do Brasil cresceu 75% em relação a igual período de 2010, mas o governo anunciou o aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos fabricados com menos de 65% de peças nacionais ou de fora do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). O objetivo seria defender a produção doméstica do forte aumento das importações, sobretudo da China, principal sócio comercial do país.

Também presente ao encontro do G-20, o presidente mexicano, Felipe Calderón, afirmou estar convencido de que o livre- comércio é a solução para sair da crise, num momento em que a economia mundial se encontra ameaçada por uma nova recessão. "Em minha opinião, esse novo protecionismo tende a se converter no maior problema para o crescimento", disse, ao apresentar como pretende conduzir a presidência rotativa do grupo em 2012. "A falta de competitividade está totalmente relacionada ao protecionismo", advertiu. (SR)

Bill Gates faz apelo O bilionário Bill Gates pediu ontem a líderes do G-20 que protejam seus orçamentos reservados para ajuda humanitária. Ele afirmou que eventuais cortes não só afetariam os pobres, mas também enfraqueceriam as inovações em áreas como saúde e agricultura. O fundador da Microsoft, que se comprometeu a doar a maior parte de sua fortuna à caridade, é o primeiro empresário a ser convidado pelos líderes das 20 maiores economias do mundo. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, o chamou para falar sobre novas formas de financiar o desenvolvimento, dado o ajuste fiscal nos países que lutam contra a alta dívida pública.