Título: PIB pode ficar abaixo dos 3%
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 04/11/2011, Economia, p. 12

Febraban derruba expectativa de expansão de 2011 para 3,2%, mas vê risco de ritmo ser ainda mais fraco se houver nova piora na economia

O agravamento da crise na Europa terá efeitos nocivos sobre o crescimento da economia brasileira. Rubens Sardenberg, economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), afirmou que, se a situação de países como Grécia e Itália piorar, o Produto Interno Bruto (PIB — soma de todas as riquezas) brasileiro poderá crescer abaixo de 3% este ano, menos da metade dos 7,5% apurados em 2010. Pesquisa divulgada pela entidade ontem estimou que, se não houver uma nova degradação no cenário, a economia nacional deverá crescer 3,2%. Em setembro, a projeção era de 3,5%.

A previsão mais moderada vale também para 2012. Sardenberg disse que, no ano que vem, o PIB nacional deverá avançar 3,7%, ante a projeção anterior de 3,8%. "A grande incógnita é o desdobramento da crise europeia. A partir dela, vamos ver se haverá um impacto mais acentuado sobre o comportamento da economia", observou.

O consumidor também deverá pagar mais caro por bens e serviços. Embora a inflação medida pelos índices de preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e Geral de Preços - Mercado (IGP-M) tenha ficado estável em relação a 2011, em 5,9%, os números são piores para o ano que vem. A projeção do IPCA para 2012 passou de 5,5% para 5,7%; e a do IGP-M, de 5,2% para 5,4%. Apesar das reduções nas projeções da Febraban, Sardenberg acredita que o quadro da desaceleração ainda é moderado.

Oscilação Na avaliação da Febraban, a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 29 e 30 de novembro, decidirá por uma nova redução na taxa básica de juros (Selic), que deverá cair dos atuais 11,5% para 11% ao ano. No fim de 2012, o índice deverá chegar a 10% ao ano. Sandenberg observou que, embora essa tenha sido a média das avaliações feitas por 30 bancos consultados, houve muita oscilação nas estimativas. "Captamos uma dispersão muito maior nesses números, desde as projeções mais conservadoras, de 10,5%, até as dos que acreditam que ela cairá para 9% ao ano. Mas isso vai depender muito da evolução do cenário internacional", ponderou o economista.

A previsão da Febraban é de que as operações de crédito da carteira total do Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresça 17,1% em 2011 e 15,5% em 2012. Na pesquisa anterior, a previsão era de uma expansão de 16% no volume de concessões de crédito neste ano e de 15,1% em 2012.

Fatia maior do spread O lucro dos bancos vem ocupando cada vez mais espaço no spread — a diferença entre o que as instituições financeiras gastam para captar dinheiro dos clientes e o que cobram dos que precisam de recursos. Segundo a pesquisa anual realizada pelo Banco Central, a margem de lucro respondeu por 32,73% de todo o spread no ano passado. A proporção cresceu em relação a 2009, quando o lucro representava fatia menor, de 29,94%. Os impostos também ganharam importância e foram responsáveis por 21,89% da margem cobrada nos empréstimos no ano passado. Em 2009, essa participação era de 19,97%.