Valor econômico, v. 17, n. 4101, 29/09/2016. Brasil, p. A7

PGR pede fatiamento da Lava-Jato

Por: Carolina Oms

 

A Procuradoria-Geral da República pediu hoje a divisão da maior investigação da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura a existência de uma organização criminosa na Petrobras, o chamado "quadrilhão". O inquérito apura se o grupo atuou para desviar recursos da Petrobras, favorecer empresários e financiar campanhas eleitorais.

O inquérito já contava com 39 investigados quando, em maio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a inclusão de mais 30 acusados, principalmente ligados ao PT e ao PMDB, entre eles ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na investigação.

A PGR pediu para investigar separadamente a atuação do PT, do PP, do PMDB na Câmara e do PMDB no Senado. O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo, terá que avaliar o pedido.

Segundo os investigadores, o avanço das investigações mostrou que a organização criminosa na Petrobras possuía dois eixos centrais, um ligado a membros do PT e outro ao PMDB e haveria ainda uma separação entre os membros do PMDB que estão na Câmara e os que estão no Senado -- que atuam de forma autônoma, tanto em relação às indicações políticas para compor cargos relevantes no governo quanto na destinação de propina arrecadada.

À época que pediu a inclusão de novos investigados, o PGR afirmou que os indícios mostram "uma atuação da organização criminosa de forma verticalizada, com um alcance bem mais amplo do que se imagina no início e com uma enorme concentração de poder nos chefes da organização".

De acordo com as investigações, o PP atuava para desviar valores da Diretoria de Abastecimento. A partir daí, havia pagamento de propina a políticos do partido. Segundo a denúncia, o PT atuava nos contratos da Diretoria de Serviços e o PMDB, na Diretoria Internacional.

A avaliação é de que a divisão dos temas permitirá averiguar com mais precisão as condutas dos envolvidos nas fraudes.

Para pedir a ampliação do inquérito, o procurador se baseou nas delações premiadas do ex-senador Delcídio do Amaral, do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e de dirigentes da Andrade Gutierrez, cuja delação ainda está sob segredo de Justiça.

A investigação da bancada do PMDB na Câmara, inclui o ex-presidente da Casa e deputado cassado, Eduardo Cunha (RJ), e aliados dele.

Quando a inclusão de Lula, Janot afirmou que a Lava-Jato "jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dela participasse".

O pedido não chegou a ser analisado por Teori, que devolveu para a Procuradoria reavaliar o caso depois de questionamentos de defesas.