Petrobras sai do vermelho

 

12/08/2016
Simone Kafruni

 

Após três trimestres consecutivos de perdas, a Petrobras teve lucro líquido de R$ 370 milhões no período de abril a junho de 2016, revertendo o prejuízo de R$ 1,246 bilhão registrado nos três primeiros meses do ano. A diretoria da estatal creditou o resultado à redução de 30% nas despesas financeiras, no crescimento de 7% na produção de petróleo e gás natural, e no aumento da receita com incremento de 14% nas exportações, além da redução de custos com importações.

Em relação ao resultado do segundo trimestre de 2015, quando o lucro foi de R$ 531 milhões, houve queda de 30,3%. Os dados do primeiro semestre de 2016 não são bons e apontam que a estatal continua acumulando prejuízo, de R$ 876 milhões ante um resultado positivo de R$ 5,861 bilhões apurado no mesmo período de 2015. A receita semestral da petroleira atingiu R$ 141,657 bilhões, 8% abaixo dos R$ 154,296 bilhões apurados no primeiro semestre do ano passado.

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires, o balanço da Petrobras mostra que o desempenho da companhia está melhorando, apesar de estar “longe de espetacular”. “A geração de caixa é praticamente a mesma do primeiro trimestre. Além disso, o resultado foi obtido com redução de investimento. Isso compromete o caixa futuro”, ressaltou o especialista.

Pires alertou, ainda, que a estatal foi beneficiada pela desvalorização do dólar. “A dívida da Petrobras é 80% em moeda estrangeira, com a queda do dólar, o endividamento caiu. Ela também está vendendo gasolina e diesel com prêmio, como se o barril de petróleo estivesse a US$ 62, quando está em torno de US$ 40”, assinalou.

Em relação ao fim de 2015, o endividamento bruto da Petrobras caiu 19%. A dívida total da companhia recuou de R$ 493 bilhões no fim do ano passado para R$ 397 bilhões no primeiro semestre deste ano. A estatal reconheceu que isso ocorreu por conta da valorização do real em relação ao dólar no período, de 17,8%.

Como observou Pires, a Petrobras reduziu os investimentos para enfrentar o endividamento. A venda de ativos na Argentina e no Chile deve levantar cerca de US$ 1,4 bilhão para o caixa da petroleira, dentro do plano de desinvestimentos que prevê arrecadação de US$ 14 bilhões em 2016. Os valores, no entanto, não entraram no balanço do segundo trimestre.

 

Combustíveis

Sobre os preços dos combustíveis, o diretor de Refino e Gás da Petrobras, Jorge Celestino, afirmou que a petroleira “monitora os fundamentos do mercado” para definir possíveis alterações. “O que a gente tem olhado sempre é a garantia de que nossos preços são competitivos. Na medida em que for necessário mexer, tomaremos essa decisão”, disse.

A Petrobras também anunciou que cerca de 4 mil funcionários aderiram ao Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV) da companhia, lançado em abril. No segundo trimestre, o plano gerou um custo, para a companhia, de R$ 1,2 bilhão. O diretor de Recursos Humanos, Hugo Repsold, ressaltou que o prazo para adesão vai até o fim de agosto. “A projeção é chegar a 7 mil adesões”, estimou.

A produção de petróleo e gás natural aumentou 7% no segundo trimestre do ano em comparação com o primeiro. A produção de derivados recuou  2% e as vendas subiram 3% no período.

 

Correio braziliense, n. 19436, 12/08/2016. Economia, p. 8