Deputada Raquel Muniz na mira da Polícia Federal

Jailton de Carvalho

10/09/2016

 

 

Ela ficou famosa ao pregar contra corrupção e ver o marido ser preso.

A Polícia Federal realizou, ontem, operações de busca e apreensão em 11 endereços em Minas Gerais, ligados à deputada Raquel Muniz (PSDMG) e a outras pessoas acusadas de cometer fraudes tributárias e previdenciárias para desviar dinheiro de entidades assistenciais. Pelos cálculos da Receita Federal, a organização teria sonegado mais de R$ 200 milhões em impostos nos últimos cinco anos. A deputada ficou famosa porque, um dia depois de votar pela admissibilidade do impeachment da expresidente Dilma Rousseff, com um inflamado discurso na Câmara, teve o marido, Ruy Muniz, prefeito de Montes Claros, preso por corrupção.

Em nota, a Polícia Federal afirmou que os recursos desviados por Raquel e Muniz, entre outros, “eram usados em benefício econômico e político de uma parlamentar federal, um prefeito de uma cidade do Norte de Minas Gerais e de pessoas ligadas a eles, incluindo familiares”. A chamada Operação Véu Protetor também cumpriu 12 mandados de condução coercitiva de pessoas que teriam sido usadas nas fraudes imputadas ao grupo da deputada. As ações foram autorizadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal, após dois anos de investigações de inteligência da Receita Federal. 

FRAUDES EM SERVIÇOS PÚBLICOS

Segundo a polícia, políticos administravam 133 instituições de serviços de saúde e educação em todo o país. E usavam títulos de entidades beneficentes e sem fins lucrativos para cometer fraudes e, com isso, não pagar impostos e nem recolher contribuição previdenciária.

Deputada do baixo clero, Raquel Muniz ficou conhecida após pregar contra a corrupção, com uma bandeira do Brasil na mão, ao votar a favor do processo de impeachment contra Dilma. E disse que a administração do marido, Ruy Muniz, em Montes Claros era exemplar. E votou, exclamando “Sim! Sim! Sim!”, pelo impedimento da ex-presidente. No dia seguinte, o marido foi preso por corrupção.

 

O globo, n. 30350, 10/09/2016. País, p.5