Título: Analistas estimam PIB fraco
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Fonte: Correio Braziliense, 29/11/2011, Economia, p. 13

Às vésperas da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, está longe de respirar aliviado. Os riscos inflacionários persistem e atormentam o consumidor. A crise piorou, derrubou o crescimento do mundo e o brasileiro, mas, diferentemente do que a autoridade monetária previa, os preços não cederam a níveis razoáveis. Os analistas continuam estimando uma inflação forte, acompanhada de uma expansão econômica menor em 2012. Para especialistas, em meio a tantos riscos, a única certeza é o tamanho do corte na taxa básica de juros (Selic) amanhã: praticamente todas as apostas são de uma queda de 0,5 ponto percentual.

O levantamento semanal feito pelo BC com cerca de 100 especialistas reforça a dor de cabeça das autoridades. A cada revisão, os economistas aumentam a distância entre as projeções da inflação e do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país). A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano que vem subiu para 5,56% — acima dos 4,5% definidos como centro da meta —, enquanto a da expansão do PIB caiu de 3,50% para 3,46%, abaixo do potencial do país. Carlos Thadeu Filho, economista da gestora de recursos Franklin Templeton, prevê um desempenho econômico pior. "Deve ser algo ao redor de 3%, bem abaixo do PIB potencial", disse.

Custo de vida Em compensação, Thadeu Filho está otimista sobre a inflação. Na visão dele, depois das mudanças na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que dá algumas diretrizes para o cálculo do IPCA, determinados produtos perderam peso no custo de vida e, por isso, a carestia do ano que vem deve fechar em 4,5% ou em algo ligeiramente acima desse valor. Entretanto, ele faz uma ressalva. "A inflação não está tão boa quanto o BC esperava e nem tão ruim quanto o mercado previa", observou.

Entre erros e acertos, o consenso é de que o cenário internacional realmente piorou, como a autoridade monetária esperava. "Por isso, o BC deve manter a avaliação de que a trajetória da economia mundial, conjugada com a desaceleração interna, abre espaço para uma política monetária mais frouxa", ponderou Flávio Combat, economista-chefe da Concórdia Corretora. Em outras palavras, os juros devem cair ainda mais.