Título: Dilma declara apoio a Brasília
Autor: Tahan, Lilian
Fonte: Correio Braziliense, 29/11/2011, Cidades, p. 28

Presidente da República envia carta a Agnelo Queiroz e defende a candidatura da capital para sediar os jogos em 2017. Federação Internacional de Esporte Universitário anuncia hoje a cidade vencedora. Disputa com chineses está acirrada

Bruxelas (Bélgica) — Já passava da zero hora de hoje na capital belga quando a comitiva brasileira que defende a candidatura de Brasília para sediar a Universíade em 2017 recebeu uma carta de recomendação assinada pela presidente da República, Dilma Rousseff. No documento, que será apresentado hoje ao Comitê Executivo da Federação Internacional do Esporte Universitário, a presidente diz que abrigar os jogos universitários "será motivo de orgulho e celebração para o Brasil e para todos os brasileiros". Na carta, Dilma ressalta qualidades da capital que, "concebida pelos traços geniais de Lucio Costa e de Oscar Niemeyer, tornou-se patrimônio cultural da humanidade, representando um marco da arquitetura e urbanismo do século 20". Dilma conclui que "Brasília e o Brasil estarão preparados para receber os atletas da Universíade".

Carta de Dilma: Universíade em Brasília será %u201Corgulho para brasileiros%u201D

O último dia antes da eleição que definirá a cidade-sede da Universíade de 2017 foi de ensaios, de ajustes, de expectativas e de dúvidas quanto às reais chances de a capital brasileira vencer a disputa com Taipé, em Taiwan, na China (Leia Para saber mais). Se existir, a margem de vantagem para Brasília não será grande e os palpiteiros ligados ao evento já trabalham com a hipótese de empate. Os chineses chegaram à Europa dispostos a reverter o favoritismo que apontava para a capital candanga. Os trunfos de Taipé colocaram o grupo brasileiro em estado de alerta.

Os chineses não economizaram para medir forças com o Brasil. A comitiva de Taipé ocupa 100 suítes do Dolce La Hulpe, em Bruxelas, um resort de luxo afastado 25km do centro da cidade, onde ocorre o evento da Federação Internacional de Esporte Universitário (Fisu) para a escolha da sede dos jogos que ocorrem a cada dois anos em edições de inverno e de verão. Como é comum nas campanhas, ontem foi dia de boca de urna, com direito a métodos que, em uma disputa política, seriam questionados pela Justiça.

Na disputa para atrair a atenção dos eleitores da Fisu, Brasília e Taipé montaram estandes com atrações e distribuição de brindes, etapa da disputa que deixou a capital tímida pela manhã. Por Taipé, uma turma de jovens chineses tocou, dançou e até cantou a música We are the world. A comitiva do DF, no entanto, se recuperou no fim da tarde, quando, durante um coquetel oferecido pela Fisu, promoveu uma apresentação de capoeira e de samba. Como era de se esperar, a musicalidade tipicamente brasileira despertou o interesse do presidente da Federação, Jean Claude Gallian, que se atreveu a dançar mesmo sem o molejo exibido pelos atletas.

Mimos Montado pela Embratur — autarquia especial do Ministério do Turismo —, o estande de Brasília também teve suas atrações, embora com estrutura menos chamativa que a da concorrente chinesa. O espaço candango, além de um painel de Brasília cujo foco é a Ponte JK, é embalado por sucessos de cantores como Ana Carolina, Elis Regina e Jair Oliveira. Os integrantes da Fisu ganharam bonés, garrafinhas de água, camisetas, um CD comemorativo dos 100 anos de Noel Rosa e Adoniran Barbosa, além de um livro sobre o Brasil.

A performance das comitivas na véspera da eleição é apenas um entre tantos recursos de que as duas cidades se valeram durante a campanha para sediar a edição de 2017 da Universíade. A disputa começou em maio, quando Brasília apresentou a candidatura. Desde então, foi cumprida uma série de protocolos, como a viagem de um grupo brasileiro à cidade chinesa de Shenhzen, em agosto, onde ocorreram os jogos universitários de verão de 2011. Hoje, o último compromisso oficial antes da eleição é a apresentação que as comitivas de Brasília e de Taipé farão aos integrantes do Comitê Executivo da Fisu.

Para esse momento, autoridades do GDF e representantes ao governo federal passaram mais da metade do dia de ontem ensaiando. Ajudado por um vídeo, que ressalta os pontos turísticos de Brasília; pela trilha sonora de fundo, um samba; e pela performance de capoeiristas brasileiros que moram na Europa, o governador Agnelo Queiroz (PT) vai tentar convencer os delegados da Fisu da capacidade de o DF abrigar o campeonato. "Materialmente, estamos à altura do evento. Somos um país que se desenvolve rapidamente e a região de maior renda per capita do Brasil. Nosso Índice de Desenvolvimento Humano é o mais alto entre as cidades brasileiras e equipare-se aos da França, da Suíça e da Coreia do Sul", destaca um dos trechos do discurso que será feito por Agnelo. A defesa do governador será complementada pela fala de Vera Cíntia Álvarez, que chefia a Coordenação-Geral de Intercâmbio e Cooperação Esportiva do Ministério das Relações Exteriores.

A equipe viajou a Bruxelas na expectativa de receber uma notícia, mas diante do oponente se deu conta de que a vitória, se vier, será sofrida.

Diplomatas Ao falar para os integrantes da Fisu, Vera se apresentará em nome da presidente Dilma Rousseff. Como parte da estratégia de campanha, nos últimos meses, ela encaminhou correspondência para todas as embaixadas de países com representatividade na Fisu. A recomendação era para que os diplomatas fizessem o meio de campo com os delegados da Federação em nome de Brasília.