Para o governo, resultado sepulta discurso do golpe

Isabela Bonfim e Elisa Clavery

31/10/2016

 

 

O Palácio do Planalto avaliou que o resultado das eleições municipais legitima o governo do presidente Michel Temer.

Para o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, a ampla vitória de partidos da base aliada dá fôlego às medidas da equipe econômica do governo e “sepulta” as contestações à gestão que assumiu após o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Essa eleição sepulta qualquer tipo de contestação, seja sob o ponto de vista institucional, de legitimidade, ou de programa de governo”, afirmou Padilha ao Estado.

O ministro rebateu críticas da oposição de que o atual programa de Temer não foi aprovado pelos eleitores quando o então candidato a vice-presidente se elegeu, juntamente com Dilma.

Na opinião de Padilha, as eleições municipais podem ser entendidas também como uma aprovação ao governo federal.

“Onde mora o cidadão? É no município. A sociedade, ao votar maciçamente nos candidatos do governo, está mostrando que apoia as iniciativas que foram tomadas”, disse. “Essa é a manifestação do cidadão.” Ele criticou os partidos de oposição e ressaltou que o PT perdeu espaço em prefeituras e câmaras municipais nesta eleição.

O ministro disse que o resultado demonstra que a população apoia a premissa básica do governo Temer, que segundo ele, é limitar as despesas e parar o endividamento.

“Os brasileiros viram que o Brasil não tem uma outra alternativa”, afirmou.

O candidato vitorioso no Rio, Marcelo Crivella (PRB), deu declarações, após o resultado, no mesmo sentido. “Chega dessa agenda de ‘Fora, Temer’. Se o povo quisesse que o Rio de Janeiro se transformasse num bunker de luta ideológica e política, teria votado no outro candidato”, afirmou o prefeito eleito.

 

PEC. Uma preocupação do Planalto era que a votação e aprovação da PEC do Teto na Câmara dos Deputados, na reta final do segundo turno das eleições, tivesse impacto negativo nas campanhas dos candidatos governistas às prefeituras.

Segundo o ministro da Casa Civil, o apoio da população é essencial para o governo federal manter a base coesa na segunda fase da votação da PEC do Teto – em novembro, desta vez no Senado.

Já o cientista político Cláudio Couto, professor da FGV-SP, faz leitura distinta à do Planalto.

“O resultado não indica apoio popular ao governo Temer e tem muito mais a ver com uma rejeição ao PT do que uma aprovação ao PMDB. A maior parte das pessoas sequer sabe o que é a PEC 241”, disse.

Para ele, “O PMDB é um partido sem face clara, e o eleitor raramente identifica o candidato municipal ao seu partido”.

Positivo

“Os partidos da base do governo vão fazer próximo a 90% dos votos nessas eleições municipais. Em que pese todo o discurso que os partidos de oposição utilizaram rebatendo as medidas do governo, o resultado diante da sociedade foi altamente negativo para eles e, por consequência, positivo para o governo.”

Eliseu Padilha

MINISTRO DA CASA CIVIL

 

O Estado de São Paulo, n. 44939, 31/10/2016. Política, p.A5