Valor econômico, v. 17, n. 4119, 26/10/2016. Brasil, p. A4

EUA se juntam ao Brasil na OMC contra jatos canadenses

Por: Assis Moreira

 

Os Estados Unidos se juntaram ao Brasil contra o Canadá na Organização Mundial do Comércio (OMC), contestando subsídios que o governo canadense vem concedendo para a Bombardier e afetando as condições de concorrência no mercado de jatos regionais.

A delegação americana aproveitou o Comitê de Subsídios e Medidas Compensatórias para também questionar os canadenses e manifestar preocupação com os desembolsos de dinheiro público para sustentar a Bombardier.

Para Washington, a questão é ainda mais importante porque o governo federal e a província do Quebec estão sendo acionadas para injetar mais capital na Bombardier, sem as análises de risco que normalmente ocorreram. Na prática, isolam a companhia das pressões do mercado, e dão uma competitividade maior, levando a empresa canadense a vender jatos a preços mais baixos.

O governo do Quebec pressiona o governo federal para fazer injeção adicional de US$ 1 bilhão no desenvolvimento do jato C-Serie, numa operação vista com especialmente suspeita pelos concorrentes.

Ontem, o Brasil oficializou questionamentos específicos em comitê da OMC sobre cada um dos subsídios que a Bombardier vem recebendo, a começar pela entrada direta do governo no capital da companhia.

O Canadá foi instado a explicar por que recorre a ajuda do governo federal e do Quebec, em vez de buscar o mercado comercial. O "Investissement Canadá", orgão do Quebec, fez recentemente ajustes nos termos de seu acordo com a Bombardier, algo colocado também sob suspeita.

Além disso, os canadenses vão precisar explicar se recursos foram fornecidos para o construtor aeronáutico desenvolver seu novo jato por meio do Strategic Aerospace and Defense Initiative (Sadi) e do Technology Partnerships Canadá (TPC).

A Bombardier reduziu pela metade a projeção de entrega de jatos da C-Series e reconheceu que sua receita será menor do que o valor anunciado previamente.