Valor econômico, v. 17, n. 4118, 25/10/2016. Brasil, p. A4

Décio Oddone é confirmado para a ANP

Décio Oddone, indicado para a ANP, fez carreira internacional na Petrobras

Por: Cláudia Schüffner, André Ramalho, Robson Sales e Rodrigo Polito

 

O engenheiro Décio Oddone foi indicado ontem pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, para ocupar a diretoria-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no lugar de Magda Chambriard. O nome terá que ser apreciado pelo Senado. Décio Oddone tem 56 anos atualmente é diretor de projetos em Óleo e Gás da Prumo Logística, mas foi funcionário de carreira da Petrobras até o ano passado, quando se aposentou. Gaúcho de Lavras do Sul, ele entrou na estatal na década de 80.

"É uma pessoa que tem experiência, passou pela Petrobras, está hoje na iniciativa privada. As referências foram as melhores possíveis", disse Coelho Filho.

Oddone trabalhou nas primeiras perfurações em águas profundas na Bacia de Campos, no Rio, e fez carreira internacional na companhia, com passagens por Angola, Líbia, Bolívia e Argentina.

Era gerente na Bolívia quando a Petrobras descobriu os campos de San Alberto e San Antonio nos 90. Mais tarde, como presidente da Petrobras Bolívia (de 1999 a 2004), colocou de pé o plano e os investimentos que garantiram o cumprimento do contrato de produção, transporte e venda de gás para o Brasil.

Foi na gestão de Oddone que a estatal integrou os negócios na Bolívia, desde a produção, refino de petróleo, compressão e transporte de gás. Mais tarde, como gerente executivo da Petrobras para o Cone Sul, cargo que ocupou até 2008, gerenciou as negociações com o governo boliviano para a venda dos ativos da estatal após a nacionalização do setor feita por Evo Morales.

Em fevereiro de 2008 assumiu a presidência da Petrobras Energía na Argentina, período em que também integrou o conselho de administração da Petrolera Entrelomas e presidiu o conselho da Petroquímica Innova, no pólo de Triunfo (RS).

O executivo deixou o cargo na Argentina em 2010 por pressão do então diretor internacional da Petrobras, Jorge Zelada, hoje preso em Curitiba. Depois de uma curta passagem pelo Rio, Oddone foi indicado pela Petrobras para uma das vice-presidências da Braskem, em São Paulo. Desde que surgiram as primeiras notícias sobre sua provável indicação para a ANP, o nome de Oddone era festejado na indústria por seu perfil executivo e formação acadêmica, já que cursou Harvard (EUA) e o Insead na França. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, comemorou publicamente a indicação dele.

"O indicado pelo ministério é uma pessoa que conhece bastante o setor. Tem outra característica que é a experiência empresarial dentro e fora da Petrobras", disse o executivo, que participou ontem da cerimônia da Rio Oil & Gas. "É muito bom para quem vai ser um agente regulador conhecer as dificuldades do dia a dia das empresas", acrescentou Parente.

Oddone terá pela frente uma agenda cheia. Em 2017, o governo planeja a realização de três novos leilões: a "rodadinha" de campos com campos marginais, o leilão das áreas unitizáveis da União no pré-sal e a 14ª rodada de licitações. Também há no horizonte a discussão sobre a revisão da metodologia de cálculo dos royalties. O assunto contraria petroleiras, que temem aumento das despesas com as novas regras, e já gerou embates com o próprio governo.