Título: Zona do Euro mudará
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Fonte: Correio Braziliense, 10/11/2011, Economia, p. 17
Bruxelas — No momento em que a falta de perspectiva parece reinar sobre as nações europeias, discussões ainda extraoficiais entre França e Alemanha dão pistas do que pensam os líderes das duas principais economias da região. O ponto mais polêmico, sem dúvida, é a redução do número de integrantes da Zona do Euro, hoje com 27 países-membros. Autoridades alemãs e francesas têm debatido planos para uma reforma radical da União Europeia (UE), que prevê o estabelecimento de uma forma mais integrada e potencialmente menor do bloco do euro.
Nesta semana, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, deu uma pista de seu pensamento, quando, em Estrasburgo, disse que o único modelo possível para o futuro é uma Europa avançando em duas velocidades diferentes — uma maior, para a Zona do Euro, e outra menor, para todos os 27 países da União Europeia. As discussões entre os políticos em Paris, Berlim e Bruxelas vão mais longe, levantando a possibilidade de um ou mais países abandonarem a moeda comum, enquanto o núcleo restante avança para o aprofundamento da integração econômica, incluindo a tributária e a fiscal.
Uma autoridade da UE disse que a mudança da Zona do Euro tem sido discutida em um nível apenas "intelectual", e que não avançou para discussões operacionais ou técnicas. Tais medidas enfrentam a oposição de muitos países da UE, cujo apoio seria necessário para os ajustes no tratado que criou o bloco. A chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu ontem que a situação na Europa está tão desagradável que chegou o momento de mudanças no acordo que criou a área econômica comum. Ela disse que "boas intenções não são mais suficientes" e defendeu reformas estruturais genuínas.