Valor econômico, v. 17, n. 4114, 19/10/2016. Política, p. A9

Governadores tucanos defendem proposta

Por: Estevão Taiar

 

Os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de Goiás, Marconi Perillo, ambos do PSDB, defenderam a proposta de repatriação de recursos mantidos no exterior. Nos cálculos de Perillo, o caixa de Goiás receberia em torno de R$ 150 milhões caso o total de recursos repatriados chegue a R$ 50 bilhões. Além disso, depois do fim do processo, o Estado receberia uma segunda leva de recursos, por meio do Fundo de Exportação bancado pelo governo federal.

"Vamos ser beneficiados duas vezes. Isso será importante para o nosso caixa", disse ontem em entrevista coletiva na 16ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, realizada em São Paulo. "Goiás será beneficiado, todos os Estados serão beneficiados". Alckmin também se mostrou favorável à medida. "A Itália fez e foi bem", disse. "E falo com tranquilidade porque São Paulo praticamente não será beneficiado." O Estado tem quase 25% da população brasileira, mas é dono de 1% dos recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE), usado como base para a distribuição dessa quantia.

"É uma medida importante para trazer recursos para o país e ajudar os estados que têm participação maior [no FPE]", disse.

A repatriação de recursos voltou com força à pauta do Congresso na semana passada, tanto por causa da proximidade do prazo final para que as quantias sejam regularizadas, no próximo dia 31, quanto pela discussão sobre mudanças de algumas regras. Entre essas regras, está a parcela que caberia a Estados e municípios, fortemente prejudicados pela crise fiscal. Não há acordo, contudo, para que o tema seja pautado para votação esta semana. Além da repatriação, os governadores tucanos defenderam a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que estabelece teto para os gastos da União.

Alckmin se disse favorável à medida, mas afirmou que "para que ela seja exequível, é necessário" que a reforma previdenciária também seja aprovada. O governador de São Paulo já havia apoiado anteriormente a PEC, mas na ocasião adotou tom mais crítico, defendendo um limite para gastos com custeio e pessoal. "Na prática, se não cuidarmos [desses gastos], vai acabar o investimento público", disse em setembro.

Perillo, por sua vez, afirmou que a reforma poderia ser "mais agressiva". "Temos que dar um choque de realidade. O Brasil está à beira da quebradeira", disse.