Valor econômico, v. 17, n. 4112, 17/10/2016. Política, p. A7

Cresce eleitorado governado pelo PSDB-SP

Resultado de disputas municipais fortalece projeto de Alckmin de pleitear candidatura à Presidência

Por: Fernando Taquari

 

A eleição no primeiro turno de João Doria na capital e as perspectivas de vitória do PSDB em cinco cidades grandes de São Paulo no segundo turno devem assegurar aos tucanos o direito de administrar mais da metade do eleitorado no Estado (51,7%) a partir de 2017 e superar a marca de 2004 (49,5%). Neste cenário, serão 16,9 milhões de eleitores paulistas sob o comando do partido de um total de 32,6 milhões, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O avanço dos tucanos pode ser medido pelo tamanho das prefeituras. Dos 15 maiores municípios de São Paulo, oito tendem a ficar nas mãos do PSDB. Para efeito de comparação, em 2012, o partido venceu apenas em duas destas cidades (Sorocaba e Santos). O desempenho eleitoral neste ano consolida o PSDB paulista como a maior força política da legenda e fortalece a pré-candidatura do governador Geraldo Alckmin à Presidência da República em 2018.

Levando em conta apenas os resultados do primeiro turno, são 14,7 milhões de eleitores sob a administração do PSDB ou 45% do total. Trata-se de um aumento expressivo em relação ao 2012, quando 18,5% do eleitorado ficou sob a gestão tucana - considerando os prefeitos eleitos nas eleições ordinárias. O crescimento de 2016 é fortemente influenciado pela eleição de Doria na capital paulista, que concentra, atualmente, 60,2% dos eleitores do Estado.

O melhor desempenho do PSDB no Estado até aqui foi registrado em 2004, quando a exemplo de 2016, venceu a Prefeitura de São Paulo com o hoje ministro José Serra (Relações Exteriores). Sem a capital, o percentual recua neste ano para 18%, mas pode chegar a 24,5% caso a sigla consiga confirmar o favoritismo nas cidades (São Bernardo do Campo, Santo André, Jundiaí, Franca e Ribeirão Preto) em que disputa o segundo turno.

Mesmo com 164 prefeitos eleitos e a expectativa de vitória nos demais municípios, os tucanos administrarão menos prefeituras do que as 178 conquistadas na eleição passada. Ainda assim o PSDB contabiliza o dobro de prefeitos paulistas na comparação com o segundo colocado no ranking, o PMDB, que ganhou em 82 cidades.

A perda dos tucanos, contudo, é consequência de uma estratégia definida na campanha anterior, de priorizar os maiores colégios eleitorais do Estado. Em 2012, o partido fez 27 prefeituras a menos do que em 2008, mas passou a comandar 6,1 milhões de eleitores, ante os 5,5 milhões que administrava antes.

"Procuramos concentrar as forças mais na qualidade do municípios do que na quantidade. Além disso, apostamos na renovação dos quadros", afirma Cesar Gontijo, dirigente do PSDB paulista. Em São José dos Campos, por exemplo, o partido optou por lançar a candidatura do empresário Felício Ramuth, mesmo com dois nomes de peso, como os ex-prefeitos Emanuel Fernandes e Eduardo Cury.

"Em Jundiaí o ex-prefeito Miguel Haddad [hoje, deputado federal] abriu mão em favor de Luiz Fernando Machado, que enfrenta o prefeito Pedro Bigardi (PSD) no segundo turno", acrescenta.

Em 2016, além de São Paulo, os tucanos venceram no primeiro turno em oito cidades com mais de 200 mil eleitores. O partido conseguiu reeleger os prefeitos de Santos, Taboão da Serra, Itaquaquecetuba e Piracicaba e voltou ao Poder em São José dos Campos e Barueri, além de ganhar em Praia Grande e Mogi das Cruzes.

Os tucanos também investiram no ABC paulista, tradicional reduto eleitoral do PT. Até a eleição deste ano, o PSDB governava apenas Rio Grande da Serra, onde Gabriel Maranhão foi reeleito no início de outubro. A partir de 2017, o partido vai comandar São Caetano, com José Auricchio, e tem boas chances de vitória em São Bernardo do Campo e Santo André, com o deputado estadual Orlando Morando e o ex-prefeito Paulo Serra, respectivamente.

Aliados do governador também avançaram no chamado "cinturão vermelho". Correligionário do vice-governador Marcio França, Adler Kiko (PSB) será prefeito de Ribeirão Pires, enquanto Átila Jacomussi (PSB) é o favorito no segundo turno contra o prefeito Donisete Braga em Mauá. Fora do ABC, o vereador Guti (PSB) desponta como mais cotado nas pesquisas para vencer em Guarulhos, a segunda maior cidade do Estado no confronto como o deputado Eli Corrêa Filho (DEM). Isso sem contar Campinas, cujo o prefeito, Jonas Donizette (PSB), foi reeleito com folga no primeiro turno.