Cunha é preso e mundo político fica apreensivo

20/10/2016

APÓS FORO PRIVILEGIADO - Juiz Sérgio Moro aponta risco ao avanço das investigações; ex-presidente da Câmara é visto como ‘homem-bomba’ pela possibilidade de delatar antigos aliados na Lava Jato

Cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados há 37 dias, o ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso preventivamente ontem por determinação do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.

Moro acatou solicitação da força-tarefa de Curitiba e autorizou a prisão provisória argumentando que ela evita “obstrução da Justiça, reiteração delitiva” e tem o efeito de “impedir ou dificultar novas condutas de ocultação e dissimulação do produto do crime”, além de “prevenir que o acusado se refugie no exterior”. A decisão foi tomada em ação na qual Cunha é acusado de receber mais de US$ 1,5 milhão de propina por contrato da Petrobrás em Benin, na África.

Responsável por abrir e levar adiante o pedido de impeachment da petista Dilma Rousseff, o peemedebista foi considerado um dos presidentes da Câmara mais poderosos desde a redemocratização.

Por causa de ameaças veladas de aderir a uma delação premiada, sua prisão foi recebida com apreensão no mundo político. Do Palácio do Planalto, onde estão alojados hoje antigos aliados do PMDB – inclusive o presidente Michel Temer –, ao Congresso, onde mantinha uma ampla rede de apoio e influência, ao PT – que comemorou, mas também avaliou que a decisão enfraquece o discurso de que Moro é seletivo e prende apenas os envolvidos ligados ao PT. No Facebook, o deputado cassado chamou de “absurda” a decisão.