Título: Troca de comando em Roma puxa as bolsas
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Fonte: Correio Braziliense, 09/11/2011, Economia, p. 10

Influenciados pela saída de Berlusconi do cargo, mercados têm dia de ganhos. Europa sobe 1,08% e Nova York, 0,71%

A renúncia do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, tomou ontem o lugar ocupado desde a semana passada pela Grécia na agenda dos investidores e operadores do mercado. Ao contrário do nervosismo gerado com a saída de George Papandreou, porém, a queda do italiano impulsionou as bolsas ao longo do dia, que encararam com alívio o anúncio. A leitura feita pelos analistas foi de que o fim da gestão controversa do premiê deve acelerar a adoção de medidas de austeridade fiscal. O impacto foi tão imediato que o índice dos principais papéis da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) seguia no vermelho, mas virou logo após a confirmação da entrega do cargo. Embora tenham voltado ao terreno negativo, as perdas foram suavizadas e o pregão paulista encerrou o dia em baixa de 0,28%, aos 59.026 pontos.

As bolsas europeias, que fecharam os negócios antes de Berlusconi ceder às pressões para deixar o mandato, registraram alta de 1,08%, segundo o índice FTSEurofirst, que congrega os pregões locais. Entre os mercados, o que mais avançou foi o de Paris, com alta de 1,28%, e o de Londres, com acréscimo de 1,03%. Em Frankfurt, a valorização foi de 0,55%. Além da esperada desistência do primeiro-ministro, os investidores foram tomados por uma onda de otimismo decorrente da publicação de balanços de empresas com resultados favoráveis. Os bancos Société Générale (França) e Intesa Sanpaolo (Itália) registraram ganhos após a divulgação de seus demonstrativos. "As pessoas estão comprando ações da Itália porque esperam uma mudança no governo. O mercado deve saltar mais de 10% quando ele (Berlusconi) sair", comentou um operador de Milão, sinalizando que o impacto mais expressivo da renúncia será sentido hoje na região.

Dólar recua Nos Estados Unidos, as bolsas seguiram o bom humor registrado nos demais mercados e fecharam o dia com ganhos. Em Nova York, o Dow Jones avançou 0,84%, enquanto o pregão eletrônico Nasdaq encerrrou os negócios com alta de 1,20%.

Na contramão dos índices de ações, a cotação do dólar em relação ao real caiu após acumular cinco altas seguidas. No fim do dia, a divisa desvalorizou 0,46% e chegou a R$ 1,739 para venda. A redução do preço da moeda, confrontada com a alta das bolsas, sinaliza que os investidores venderam suas reservas nesses contratos — aplicação considerada segura — para aproveitar o momento mais favorável em outros ativos.