Valor econômico, v. 17, n. 4105, 05/10/2016. Política, p. A9

Pemedebistas veem Marta candidata ao Senado em 2018

Marta: senadora foi candidata quatro vezes à Prefeitura de São Paulo, com votações sempre descendentes

Por: Fernando Taquari

 

Quarta colocada na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy (PMDB) retoma nesta semana o mandato no Senado de olho na reeleição em 2018. De acordo com pessoas próximas à ex-prefeita, ela descarta a hipótese de concorrer com Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), pela indicação do PMDB para a corrida ao Palácio dos Bandeirantes daqui a dois anos.

Marta reconhece que depois da derrota na eleição paulistana não tem cacife entre os pemedebistas para enfrentar Skaf, que mesmo em segundo lugar na eleição pelo governo estadual, em 2014, com 21,53%, não conseguiu levar a disputa para o segundo turno. A senadora confidenciou a aliados que também não considera justo brigar pela indicação. Avalia que o presidente da Fiesp foi importante neste ano em busca de apoio e recursos à sua candidatura.

Além disso, Marta pretende honrar com sua palavra. Ao acertar sua filiação ao PMDB, ela assegurou aos correligionários que, independentemente do resultado eleitoral em 2016, apoiaria a candidatura de Skaf à sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo do Estado. O baixo desempenho da senadora na corrida municipal também pesa contra uma eventual pretensão, conforme dirigentes pemedebistas.

Desde que foi eleita prefeita de São Paulo, em 2000, Marta vem perdendo apoio na capital paulista, que concentra a maior parte do seu eleitorado. Naquele ano, ela conquistou no primeiro turno 38,1% dos votos válidos. No segundo turno, a senadora bateu Paulo Maluf (PP) e obteve sua única vitória em cinco tentativas em eleições para cargos executivos. Nas duas disputas seguintes para prefeitura paulistana, em 2004 e 2008, teve 35,8% e 32,7% dos votos válidos, respectivamente. Em ambas foi derrotada no segundo turno.

Em 2016, Marta registrou apenas 10,1% e ficou fora da segunda rodada. Antes disso, a pemedebista concorreu em 1998 ao governo estadual, quando terminou em terceiro lugar, com 22,5%. Com a nova derrota, a senadora parece condenada ao mesmo destino de Luiza Erundina, ambas eleitas quando ainda eram filiadas ao PT. A deputada federal pelo Psol nunca mais conseguiu ocupar um cargo Executivo depois que deixou a prefeitura paulistana em 1993, embora tenha tentado em outras três oportunidades (1996, 2004 e 2016).

No Senado, Marta pretende seguir com uma agenda propositiva, a exemplo do que fez antes de licenciar-se do cargo para concorrer a prefeita, quando transformou a ampliação do Supersimples em uma das principais bandeiras de seu mandato ao relatar a proposta aprovada pelos senadores. Assim, espera reduzir resistências internas ao seu nome.

A poucos dias do primeiro turno, alguns pemedebistas questionaram em redes sociais a postura da ex-prefeita de criticar projetos de ajuste fiscal ainda em estudo pela equipe econômica do governo Michel Temer. Nos bastidores, ela chegou a especular que a associação de sua imagem com o presidente da República prejudicou seu desempenho na eleição.

Marta descarta a possibilidade de deixar o PMDB. Em aceno aos correligionários, ligou para os vereadores eleitos para cumprimentá-los pela reeleição. Procurada pelo Valor, a senadora não quis conceder entrevista.