Atualmente ocupando cargo estratégico no governo Michel Temer, Moreira Franco negou a propina. Em nota divulgada ontem por sua assessoria, o secretário classificou a denúncia de Melo Filho como uma “mentira afrontosa”.
Segundo a revista, o executivo, que é ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, afirmou aos procuradores da força-tarefa da Operação Lava-Jato que os R$ 3 milhões supostamente exigidos pelo então ministro de Dilma eram mesmo propina e não uma doação eleitoral. Naquele ano, Moreira Franco não concorreu a nenhum cargo eletivo.
Melo Filho é um dos 52 ex-dirigentes da Odebrecht que negociam delação premiada. O principal nome desse rol de delatores é Marcelo Bahia Odebrecht, presidente afastado do grupo, preso na Lava-Jato desde 19 de junho de 2015.
A versão do executivo da Odebrecht, contudo, contrasta com a que ex-ministros do PT reiteradamente têm adotado. Eles afirmam que as principais empreiteiras brasileiras — investigadas por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras — repassaram valores milionários a partidos disfarçados de doações de campanha.
Melo Filho teria declarado à Procuradoria-Geral, ainda na fase de elaboração de anexos — preliminar aos depoimentos formais da colaboração premiada — que a propina tinha por objetivo barrar as obras em Caieiras.
Na nota que divulgou ontem, o secretário-executivo do PPI não negou que tenha conversado com Melo Filho, mas afirmou que nunca tratou com ele sobre dinheiro ilícito. “A denúncia do senhor Cláudio Melo Filho publicada na Veja é uma mentira afrontosa, pois jamais falei em dinheiro com ele”, diz o texto. Moreira Franco também classificou a denúncia como “uma indignidade e, sem provas, uma covardia”.
Moreira Franco também mencionou que a não aprovação do aeroporto de Caieiras “se deu por razões técnicas”. Segundo a nota, “o artigo 2.º do Decreto 7.871, de 21 de dezembro de 2012, impede aeroportos privados de explorarem linhas aéreas regulares, como se queria”.
Correio braziliense, n. 19501, 16/10/2016. Política, p. 4