As primeiras pesquisas de segundo turno nas capitais brasileiras mostram que, em 11 das 16 cidades com levantamentos divulgados, os candidatos que terminaram em primeiro lugar no turno permanecem na liderança a 12 dias da nova rodada de votações. Deste total, em nove capitais a vantagem se ampliou em relação ao segundo colocado. Em apenas cinco cidades o segundo colocado no primeiro turno conseguiu inverter a vantagem. Em Macapá e Porto Velho, não foram feitas pesquisas de intenção de voto.
As principais cidades que apresentam hoje uma liderança consolidada de quem está à frente desde 2 de outubro são Rio de Janeiro e Recife. Na capital fluminense, o senador Marcelo Crivella (PRB) aparece com 48% das intenções de voto. Marcelo Freixo (PSol) está com 25%. Esses números podem sofrer alguma alteração após a revelação, no fim de semana, de trechos de um livro escrito por Crivella, em 2002, chamado de Evangelizando a África, criticando homossexuais e diversas religiões.
Crivella tentou explicar as declarações do livro. “O contexto da África era um, o contexto do Brasil é outro. As pessoas amadurecem. Aquelas posições eu assumi décadas atrás e me desculpei. Hoje, o candidato não é o missionário da África. Hoje, o candidato é o senador, que há 15 anos está defendendo o Rio de Janeiro. A gente evolui”, completou. Mesmo assim, são consideradas remotas as possibilidades de uma reviravolta. “O Freixo está tendo muitas dificuldades para arrecadar recursos. Além disso, o Rio está em crise e o Crivella começou a dizer que tem boa interlocução com o governo federal”, afirmou o diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz.
Toninho do Diap resume três fatores que conseguem definir uma eleição em segundo turno: uma boa interlocução com o plano federal, que garante a previsão de facilidade na obtenção de recursos; a capacidade de se afastar do desgaste de aliados locais que estejam em posição de destaque; e capacidade de uma maior arrecadação de recursos para campanha. O discurso da parceria com o Planalto também funciona no Recife, onde o candidato à reeleição, Geraldo Júlio (PSB), abriu boa dianteira em relação ao petista João Paulo.
A situação do PT pernambucano é ainda mais dramática do que a realidade da legenda em outros pontos do país. O PT no estado ficou reduzido ao senador Humberto Costa, hoje líder do partido na Casa. João Paulo já foi prefeito do Recife, teve uma administração bem avaliada. Chegou a liderar, por algumas semanas, o primeiro turno, mas hoje aparece com 39,8% dos votos válidos em pesquisas realizadas na semana passada, ante 60,2% do atual prefeito Geraldo Júlio.
Inaugurações
Mas nem sempre a força da máquina estadual ou municipal ajuda. Em Belém, por exemplo, uma capital onde os atuais oponentes tem alternado constantemente as posições, o quadro atual mostra Edmilson Rodrigues (PSol) ligeiramente à frente do tucano Zenaldo Coutinho. Atual prefeito de Belém, Zenaldo conseguiu terminar o primeiro turno na liderança, graças a uma intensiva agenda de inaugurações nos meses que antecederam as eleições.
Outra virada considerada relevante aconteceu em Belo Horizonte. “Ninguém esperava essa arrancada do Khalil”, admitiu o professor de ciência política da FGV-Rio, Sérgio Praça. Ex-presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Khalil faz a campanha com o mote do antipolítico — o mesmo discurso que elegeu o tucano João Doria. “Viradas em segundo turno são muito raras. Elas só acontecem quando a diferença entre os dois primeiros foi muito apertada na primeira rodada de votações”, reconhece Praça.
Favoritismo mantido
Arrancada do vencedor do primeiro turno
» Rio de Janeiro
Marcelo Crivella (PRB) terminou o primeiro turno com 27,78% dos votos, contra 18,26% de Marcelo Freixo (PSol). Primeiras pesquisas de segundo turno mostram Crivella com 48% e Freixo, com 25%
» Vitória
Ao término do primeiro turno, Luciano Rezende (PPS) apareceu com 43,82%, e o candidato do SD, Amaro Neto, 35,32%. Hoje, pesquisas mostram Luciano com 51% e Amaro com 38%
» Recife
Na capital pernambucana, Geraldo Julio (PSB) passou para o segundo turno com 49,34%, e João Paulo (PT), com 23,76%. Pesquisas mais recentes apontam Geraldo com 60,2% dos votos válidos e João Paulo com 39,8%
» Maceió
Rui Palmeira (PSDB) terminou o primeiro turno com 46,86%, e Cícero Almeida (PMDB) com 24,73%. Hoje, o tucano aparece com 65,4% dos votos válidos e o peemedebista, com 34.6%, de acordo com as pesquisas divulgadas até agora
» Florianópolis
Na capital catarinense, a disputa, ao término do primeiro turno, ficou definida entre Gean Loureiro (PMDB), com 40,39%, e Angela Amin (PP), com 24,57%. As primeiras pesquisas mostram Louteiro com 48% e Angela com 26%.
» Cuiabá
Na capital de Mato Grosso, Emanuel Pinheiro (PMDB) terminou o primeiro turno com 34,15%, e Wilson Santos (PSDB), com 28,40%. As novas pesquisas mostram Pinheiro com 51% e Santos com 32%.
» Campo Grande
A disputa terminou no primeiro turno com Marquinhos Trad (PSD) recebendo 34,57% dos votos, e Rose Modesto (PSDB), com 26,62%. Pesquisas de segundo turno apresentam Trad com 63% dos votos válidos e Rose, com 37%.
» Fortaleza
Na capital cearense, Roberto Claudio (PDT) terminou o primeiro turno com 40,81% dos votos, e Capitão Wagner (PR), com 31,15%. As primeiras pesquisas trazem Roberto com 51% e Wagner com 38%.
» Porto Alegre
Em Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior (PSDB) teve 29,84% dos votos no primeiro turno. Sebastião Melo (PMDB) consegui 25,93% dos votos. As primeiras pesquisas mostram o tucano com 45% e o peemedebista com 33%.
Disputa equilibrada
» Manaus
Na capital amazonense, Artur Neto (PSDB), com 34,17%, e Marcelo Ramos (PR), com 24,86%, foram as escolhas dos eleitores para o segundo turno. Primeiras pesquisas trazem Artur com 51% e Marcelo com 49%.
» Goiânia
Na capital goiana, disputam Iris Rezende, do PMDB (40,47% no primeiro turno), e Vanderlan, do PSB (31,84%). Nas primeiras pesquisas de segundo turno, Iris tem 42,9% das intenções de voto e Vanderlan, 39,3%.
Viradas registradas
» Belo Horizonte
Na capital mineira, o primeiro turno terminou com João Leite (PSDB) com 33,59% dos votos, e Kalil (PHS) com 26,43%. Khalil agora está com 33,9% das intenções de voto e João Leite, com 32.7%.
» São Luís
Na capital maranhense, a disputa ficou definida entre Edivaldo Holanda Júnior (PDT), com 45,66% dos votos, e Eduardo Braide (PMN), com 21,34%. Braide, contudo, aparece hoje com 51% das intenções de voto e Edivaldo, com 43%.
» Aracaju
Disputam Edvaldo Nogueira (PCdoB, 38,78% no primeiro turno) e Valadares Filho (PSB, 37,98%). As pesquisas de segundo turno trazem, contudo, Valadares Filho com 57,5% dos votos, e Edivaldo, com 42,5%.
» Belém
Na capital paraense, disputam Zenaldo Coutinho (PSDB), que terminou o primeiro turno com 31,02% dos votos, e Edmilson (PSol), que recebeu 29,5%. Edmilson, agora, aparece com 46%, e Zenaldo, com 43%.
» Curitiba
Na terra das araucárias, quem seguiu na disputa foi Rafael Greca (PMN), com 38,38%, no primeiro turno, e Ney Leprevost (PSD), com 23,66%. Os primeiros levantamentos trazem Ney com 37,82% e Greca com 34,2%.
Sem pesquisa de segundo turno
» Macapá
Concorrem o atual prefeito, Clécio Luis (Rede), com 44,59%, e Gilvam Borges, (PMDB), 26,37%.
» Porto Velho
Na capital de Rondônia, a disputa ficou definida entre Dr. Hildon (PSDB), com 27,23% no primeiro turno, e Léo Moraes (PTB), com 26,10%.
Correio braziliense, n. 19503, 18/10/2016. Política, p. 2