Valor econômico, v. 17, n. 4104, 04/10/2016. Política, p. A13

Bolsa Família não impede declínio do PT

Partido recua entre os chamados "grotões" do país, mas em menor medida do que no resto do País

Por: Fernando Taquari e Cristiane Agostine

 

Nem mesmo o Bolsa Família, principal marca das gestões dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, foi capaz de impedir nesta eleição a perda de espaço do PT nos pequenos e médios municípios, com até 100 mil habitantes. O recuo nas cidades com o maior percentual de famílias beneficiadas pelo programa de transferência de renda, no entanto, ocorreu de forma menos acentuada do que no restante do Brasil.

O PT foi, ao lado do PSB, o partido que mais perdeu prefeituras nos municípios com maior percentual de beneficiários do Bolsa Família. Nas 500 cidades com o maior contingente atendido pelo programa, com pelo menos 70% das famílias recebendo recursos, cada uma dessas duas siglas perdeu 14 prefeituras na eleição de 2016.

Os petistas, que comandavam há quatro anos 56 cidades desse grupo das 500 com mais miseráveis, ficaram agora com 42, o que representa 8,40% do total. Já os pessebistas caíram de 60 para 46 ou 9,20% do total.

No Brasil, o PT elegeu no primeiro turno desta eleição 256 prefeitos. Há quatro anos, foram 638.

A perda de espaço nas regiões mais pobres se deu em meio à pulverização de siglas de 2012 para cá, com a criação de novas legendas e a mudança de políticos tradicionais para partidos considerados nanicos.

Em relação última disputa eleitoral, aumentou de 22 para 29 o número de partidos que vão administrar essas cidades com população com baixa renda a partir de 2017. Apenas oito das 22 legendas que já existiam ou tinham alguma representatividade nesses municípios há quatro anos conseguiram ampliar a quantidade de prefeitos. Duas permaneceram iguais, enquanto 15 reduziram.

O PMDB e o PSDB, considerados como os maiores vencedores da eleição municipal de 2016, por exemplo, perderam três e quatro cidades nessas cidades com grande percentual de famílias atendidas pelo Bolsa Família.

Os pemedebistas, contudo, ainda administram um total de 78 prefeituras, sendo a principal força política nessas cidades com população de baixa renda. Representam 15,6% do total. Em seguida aparece o PSD (9,6%) que, na contramão da maioria, elevou de 44 para 48 o número de prefeituras nessas regiões.

O PCdoB foi o partido que registrou o maior avanço numérico nos municípios com população mais miserável, ao passar de 11 prefeituras para 27. O crescimento foi impulsionado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), eleito em 2014. Do total prefeituras que serão comandadas pelo partido no ano que vem, 23 estão localizadas no Estado.

Ainda assim, a sigla corresponde a 5,40% do total. O número poderia ser maior. O PCdoB perdeu Imperatriz, Caxias e Pinheiro. O segundo maior crescimento dos partidos foi o do PP, de 34 para 41 prefeituras.

Os outros partidos tiveram apenas aumentos pontuais, como o DEM, que subiu de 16 para 18, e o PDT que ganhou 31 prefeituras, ante as 28 que levou na eleição municipal de 2012.