Valor econômico, v. 17, n. 4103, 03/10/2016. Política, p. A24

Rede Sustentabilidade, de Marina, decepciona na estreia do teste nas urnas

Por: Daniel Rittner

 

O primeiro teste eleitoral do partido Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, foi decepcionante. Seus candidatos nas grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, não saíram da faixa dos "nanicos". A melhor notícia para a legenda veio de Macapá (AP), onde o atual prefeito Clécio Luís busca a reeleição e foi para o segundo turno na frente, com 44,5% dos votos válidos.

Em Rio Branco (AC) e em Belém (PA), os candidatos do Rede alcançaram votações razoáveis e ficaram em terceiro e quarto lugares, respectivamente. Mesmo assim, o acreano Carlos Gomes e a paraense Úrsula Vidal rondaram o patamar de 10% e se distanciaram do pelotão dianteiro.

Nas duas maiores cidades do país, o Rede não almejava posição de destaque, mas o derretimento de suas candidaturas foi maior do que o esperado, segundo lideranças do partido. O empresário Ricardo Young, ex-presidente do Instituto Ethos, teve apenas 0,45% dos votos em São Paulo. No Rio, o deputado federal Alessandro Molon jamais decolou nas pesquisas e ficou 1,43%.

O grupo ligado ao senador Randolfe Rodrigues (AP) saiu-se especialmente bem. Na capital Macapá, onde foi eleito em 2012 pelo Psol, o prefeito Clécio Luís esteve perto de liquidar a fatura e disputará o segundo turno com Gilvam Borges (PMDB). O Rede também esperava eleger pelo menos dez vereadores no Amapá e contava como sua a vitória do petista Dielson, em Vitória do Jari, já que ele assumiu o compromisso de migrar para a sigla.

O partido também conseguiu bom desempenho em Ponta Grossa (PR), onde o deputado federal Aliel Machado passou para o segundo turno com 28,1% dos votos.

"O desempenho nacional não foi bom", reconheceu o senador Randolfe, apesar de satisfeito com os resultados locais. Ele ressaltou, no entanto, que o fracasso no primeiro teste eleitoral do Rede não desanima o partido para a campanha de 2018. "O grande desafio que temos pela frente é a organização partidária", acrescentou.

Randolfe não vê relação entre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que dividiu o Rede, e o desempenho do partido nas eleições municipais. Marina, mesmo tendo declarado posição favorável à destituição da petista, manteve-se longe dos holofotes nos momentos decisivos do processo.

Já outros integrantes da bancada no Congresso Nacional, como Molon e Aliel, votaram contra o afastamento de Dilma. Randolfe foi um dos mais engajados nas críticas ao impeachment no Senado. "Para mim, não teve influência. Eu sinceramente não tenho sido abordado na rua com esse tipo de questão. E, quanto mais afastado dos grandes centros urbanos, tenho a impressão de que é um assunto menos relevante para os eleitores", afirmou o senador.

O Rede, que obteve seu registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em setembro do ano passado, lançou 154 candidatos a prefeito e participou de 181 coligações com o vice. Outros 3.449 filiados buscaram uma vaga de vereador nas câmaras municipais, em 820 cidades do país. Até o fechamento desta edição o partido havia assegurado vitória em oito cidades.