Valor econômico, v. 17, n. 4103, 03/10/2016. Política, p. A3

Vereador mais votado do país, Suplicy supera Erundina em SP

Eduardo Suplicy: candidato do PT obteve mais de 300 mil votos, 5,6% da votação total para vereador em São Paulo

Por: Graziella Valenti

 

O ex-senador Eduardo Suplicy (PT) foi, disparado, o candidato a vereador mais votado, considerando todas as capitais estaduais do Brasil. Foram 301,4 mil votos, 5,62% do total válido da cidade de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. Suplicy, administrador de empresas e economista, foi eleito com mais do que o dobro de votos que Roberto Trípoli (PV) - o mais votado da eleição municipal de 2012, quando obteve pouco mais de 132 mil votos. Desta vez, Tripoli foi o terceiro mais votado em São Paulo.

Para concorrer à Câmara Municipal, Suplicy deixou, em abril, o cargo de Secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, posto que assumiu após não conseguir se reeleger ao Senado Federal em 2014.

A votação de Suplicy superou até mesmo a da candidata à prefeitura Luiz Erundina (Psol), que não chegou a 183 mil votos. A ex-mulher e ex-prefeita, Marta Suplicy, que deixou o PT e filiou-se ao PMDB para tentar voltar à prefeitura paulista, ficou com pouco mais de 584 mil.

Com a maior votação, o ex-senador, figura histórica do PT, repete o feito da eleição a vereador na capital paulista de 1988 e com 100 mil votos a mais.

Quase 30 anos depois, a campanha foi marcada por repercussões nas redes sociais, como a prisão pela Polícia Militar durante uma manifestação contrária a uma reintegração de posse no Jardim Arpoador. Irreverente, Suplicy virou "meme" (conceito de imagem de humor que se espalha via internet) após publicar em sua página na rede social Facebook uma foto da atriz americana Angelina Jolie, no dia do anúncio da separação do ator Brad Pitt, e comentar que ficaria muito triste se ela o deixasse.

Além de São Paulo, apenas em Aracaju (SE), o PT foi o partido do candidato mais votado a vereador. Na região de sua origem, no ABCD paulista, foi a legenda preferida para a Câmara Municipal somente em Diadema. São Bernardo do Campo deu mais votos a Pery Cartola, do PSDB. Em Santo André e São Caetano do Sul, levaram mais indicações os candidatos do PRB e PPS.

É também da cidade de São Paulo o segundo candidato mais votado na corrida pela Câmara Municipal, no total geral: Milton Leite (DEM), com praticamente 108 mil votos (2%), que assim assumirá seu sexto mandato.

O Rio de Janeiro elegeu o terceiro vereador mais votado do pleito municipal de 2016: Carlos Bolsonaro (PSC), filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PP), com 106,7 mil votos - 3,65% da preferência do eleitorado da cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Os candidatos mais votados a vereador por capital não mostraram grande predominância partidária. O PSDB foi a legenda com mais destaque, com cinco das 26 unidades federativas - Salvador (BA), Teresina (PI), Campo Grande (MT), Cuiabá (MS) e Curitiba (PR).

Em Belo Horizonte (MG), Áurea Carolina, do Psol, foi a mais votada para o cargo de vereador, com 1,46% das indicações. E, em Vitória (ES), 4,21% dos votos foram para Fabricio Gandini (PPS).

O candidato que proporcionalmente concentrou mais votos foi o produtor de vídeos adultos Anivaldo Luiz da Silva, o Lobão (PR), de Maceió. Com 39 anos, ficou com mais de 6% dos votos da cidade - 24,7 mil.

A proporção é feito considerável em eleições a vereador, que costumam ser bastante pulverizadas. Mesmo os candidatos mais votados das capitais, dificilmente alcançam 3% dos votos, no percentual municipal. Com sua votação, Lobão deverá levar à câmara de Maceió mais dois vereadores da sua coligação.

Além de Lobão e Suplicy, apenas Jorge Kajuru, do PRP de Goiânia, jornalista esportivo, teve destaque na preferência do eleitorado, entre as capitais, com 5,65% dos votos ou 37, 8 mil.

As mulheres foram as preferidas dos eleitores em somente três das capitais do país. Além de Belo Horizonte, Porto Alegre elegeu Fernanda Melchionna (Psol), com 17,2 mil votos (2,12%) e Recife concentrou as indicações em Michele Collins (PP), que ficou 1,78% do total.