Para MPF, esquema pagou plano de saúde de Frei Chico

Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt

11/10/2016

 

 

O Ministério Público Federal afirmou na denúncia apresentada contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o petista recebeu “vantagens indiretas” por atuar em favor dos interesses da Odebrecht em Angola, “que incluíram pagamentos de despesas pessoais de seu irmão José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico”.

Segundo a Procuradoria da República no Distrito Federal, a empreiteira teria pago R$ 10 mil em plano de saúde e outros R$ 10 mil em despesas de combustível.

O ex-presidente foi denunciado por quatro crimes – organização criminosa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

Além do petista, a Procuradoria da República no Distrito Federal denunciou um sobrinho da primeira mulher de Lula, o empresário Taiguara Rodrigues, o empreiteiro Marcelo Odebrecht – que está preso na Operação Lava Jato desde 19 de junho do ano passado – e ainda outros oito investigados na Operação Janus.

‘Mensalidades’. Taiguara é dono da Exergia Brasil, subcontratada pela Odebrecht para obras de ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola, em 2012. A empreiteira teria contratado a Exergia em troca de tráfico de influência de Lula no BNDES para liberação de quase R$ 1 bilhão.

“Como exemplos de contas que foram arcadas pelas empresas Exergia Brasil, a ação menciona mensalidades de plano de saúde e despesas com combustíveis (R$ 10 mil em plano de saúde, ao menos, e, pelo menos, R$ 10 mil em posto de combustível).

Outros indícios de que os envolvidos agiram para ocultar a origem dos recursos foi a descoberta de inúmeros saques em espécie realizados pelos funcionários da Exergia Brasil (mais de R$ 1 milhão) e pela T7Quatro (mais de R$ 160 mil), ambas de Taiguara”, afirmam os procuradores na acusação formal.

Taiguara Rodrigues é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, o Lambari, amigo de Lula na juventude e irmão de Maria de Lourdes, primeira mulher do ex-presidente, já falecida.

Morador de Santos, no litoral paulista, Taiguara atuava no ramo de fechamento de varandas e viajou para Angola para começar seus negócios naquele país em 2007.

 

O Estado de São Paulo, n. 44919, 11/10/2016. Política, p.A4