Temer quer reforma

 
04/10/2016

 

No dia seguinte ao primeiro turno das eleições municipais, o presidente Michel Temer minimizou as derrotas que o PMDB teve nas duas principais capitais do país. O partido foi derrotado no Rio de Janeiro, com Pedro Paulo, e em São Paulo, com Marta Suplicy. Em viagem à Argentina e ao Paraguai, Temer disse que o alto número de abstenções, votos nulos e brancos no pleito é um “recado” à classe política e que reflete a necessidade de se fazer uma reforma política.

No país, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou o índice de 17,6% de abstenções, superior aos 16,4% em 2012. “Não se pode particularizar no partido A ou B. A abstenção foi muito significativa. Portanto, é um recado que se dá à classe política brasileira para que reformule eventuais costumes inadequados”, disse Temer na Argentina. Mais tarde, no Paraguai, o presidente falou de novo sobre o tema. “Devo registrar uma preocupação: acabei de verificar um número imenso de abstenções, votos em branco e nulos, o que revela o que ouso dizer a indispensável necessidade de uma reforma política do país”.

O PMDB tinha 1.017 prefeituras em 2012, e ontem foi eleito em 944. O presidente foi fiador da campanha de Marta Suplicy, embora não tenha aparecido na campanha da peemebista. Segundo Temer, a não participação na campanha se justifica porque ele teria “base de apoio” muito grande. O presidente comentou ainda um aspecto da vitória de João Doria, em São Paulo. Ao longo da campanha, o empresário ressaltou ter o caráter de “gestor”, e não de “político”.  “Isso deve ter auxiliado nos votos que obteve.”

 

Protestos

No domingo, Temer antecipou o horário em que votaria, diferentemente do que apontava sua agenda. O presidente foi questionado ontem se trocou o horário para evitar manifestações contrárias ao seu governo, e negou ter sido esse o motivo. “”Os protestos são naturais na democracia, eu não me incomodo com eles. Eu estava programado para votar em um determinado horário, mas surgiu um compromisso e eu votei às 8h. A imprensa toda estava lá. Agora, se estava programado um protesto na minha votação e eu evitei, tanto melhor para mim”, afirmou.

O presidente não conseguiu evitar, porém, ser alvo de um protesto na própria Argentina. Durante encontro com o presidente do país vizinho, Maurício Macri, um grupo de cerca de 40 pessoas posicionou-se em frente à residência oficial da Quinta de Olivos e gritou palavras de ordem como “Fora, Temer”. Depois de encontrar Macri, Temer viajou ao Paraguai para visitar o presidente Horacio Cartes e hoje estará em Brasília.

 

Correio braziliense, n. 19489, 04/10/2016. Política, p. 3