Valor econômico, v. 17, n. 4103, 03/10/2016. Política, p. A6

PSDB é o partido com maior presença no segundo turno

Tucanos ficaram em primeiro ou segundo lugar em 33 das 92 maiores cidades

Por: Fernando Torres e Toni Sciarretta

 

Os tucanos elegeram 14 prefeitos nas maiores cidades do país já no primeiro turno - entre as quais São Paulo - e ainda disputarão o segundo turno em 19 municípios, com seus candidatos passando em primeiro lugar em 13 deles. No pleito municipal de 2012, o PSDB havia assegurado a vaga em apenas seis grandes cidades já no primeiro turno, passando para a disputa do segundo turno em 18.

Com esse resultado, o PSDB foi o grande vencedor das eleições municipais nas 92 cidades com mais de 200 mil eleitores, que são aquelas que tem o resultado adiado para um segundo turno sempre que um candidato não alcança mais de 50% dos votos válidos.

O PSDB ficou em primeiro ou segundo - com chances - em 33 delas, mais de 35% do total. Essa lista de cidades inclui todas as capitais, com exceção de Palmas, que não atinge o eleitorado mínimo e onde venceu o PSB.

Ao todo, a eleição deve continuar até 30 de outubro em 54 municípios do país, que contam com 31,8 milhões de eleitores.

Se o PSDB sai como vencedor, do lado oposto, o PT, que tradicionalmente tem uma parcela maior do eleitorado nos grandes centros urbanos, aparece como o partido que mais encolheu nas maiores cidades do país.

Em 2012, o partido da então presidente Dilma Rousseff havia feito oito grandes prefeituras já no primeiro turno e disputaria em outras 21 o segundo turno.

Neste ano, o desempenho foi significativamente pior. O Partido dos Trabalhadores elegeu apenas o prefeito de Rio Branco (AC) na lista das 92 maiores cidades no primeiro turno. Foi a reeleição de Marcus Alexandre, que obteve 54,88% dos votos válidos, ante 32% da segunda colocada, Eliane Sinhasique (PMDB).

O PT ainda disputará o segundo em seis cidades grandes e médias. Mas a única com peso nacional é Recife, com a ida do ex-prefeito João Paulo (PT) para o segundo turno, com 23,76% dos votos válidos. O atual prefeito da capital pernambucana, Geraldo Julio (PSB), quase liquidou a disputa ontem, com 49,34% dos votos.

O PT só passou em primeiro lugar, entre as cidades com mais de 200 mil eleitores, em Santa Maria (RS) e Anápolis (GO). Vai disputar o segundo turno ainda em Juiz de Fora (MG), Santo André (SP) e Mauá (SP).

Além da vitória expressiva e histórica na capital paulista, com João Doria surpreendendo ao ganhar a disputa já no primeiro turno, o PSDB mostrou força em grandes cidades do interior e do litoral paulista, o que reforça o poder do governador Geraldo Alckmin, que está de olho em 2018. Seu partido elegeu já no primeiro turno os prefeitos de São José dos Campos, Piracicaba, Mogi das Cruzes, Barueri, Itaquaquecetuba e Taboão da Serra, Santos e Praia Grande.

Nas capitais, o PSDB garantiu a reeleição em Teresina (PI) e ainda tem chance de levar Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO) e Cuiabá (MT), Maceió (AL), Belém (PA) e Manaus (AM) - sendo que nas últimas três disputa reeleilção.

Com a ascensão de Michel Temer para a presidência, o PMDB teve um desempenho superior ao de 2012 nas cidades grandes e médias brasileiras. Naquele ano, o partido emplacou três prefeitos no primeiro turno e levou outros 16 para o segundo turno. Neste ano, o PMDB elegeu oito prefeitos no primeiro turno e colocou outros 13 para disputar o segundo round da eleição municipal. Desses 13 postulantes, nove terminaram o primeiro turno na dianteira.

Entre as surpresas, além da vitória Doria em São Paulo, o PSDB mostrou mais força que o esperado em ao menos outras duas capitais. Nelson Marchezan Junior, que aparecia disputando a segunda vaga para o segundo turno, acabou passando em primeiro. O ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont (PT) acabou ficando de fora da disputa, que será travada com Sebastião Melo (PMDB).

Em Porto Velho (RO), o candidato tucano Dr. Hildon, que aparecia numericamente em quinto nas últimas pesquisas, acabou ficando em primeiro lugar, com 27,2% dos votos válidos, e vai disputar o segundo turno com Leo Moraes (PTB), que aparecia como líder nas pesquisas.

Na capital paraense, o candidato tucano Zenaldo Coutinho, que até o início do mês figurava na terceira posição, também passou à frente dos rivais - deputado Edmilson Rodrigues (Psol) e Éder Mauro (PSD). Zenaldo chega ao segundo turno em Belém após obter 31,02% dos votos válidos. Vai disputar no fim do mês com Edmilson, com 29,5%.

As 92 cidades com mais de 200 mil eleitores reúnem um total de 54,37 milhões de cidadãos aptos a votar, o que equivale a 37,7% do eleitorado total do país.

Em 2012, eram 83 cidades nessa condição e houve segundo turno em 50 municípios.

Em termos percentuais, houve uma pequena queda, de 60% para 59%, no número de cidades nessa condição que não definiram a disputa em turno único. Em 2008, 40% das 77 cidades que tinham mais de 200 mil eleitores definiram a disputa em duas etapas.

O Rio de Janeiro é maior cidade cuja disputa continuará no segundo turno. Seus 4,89 milhões de eleitores terão que escolher entre Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (Psol).

Seguindo pela ordem do número de eleitores registrados, Belo Horizonte verá o confronto entre o tucano João Leite e Alexandre Kalil, do PHS e Fortaleza terá a cadeira de prefeito disputada entre o atual ocupante do cargo, Roberto Cláudio (PDT) e Capitão Wagner (PR).

A outras capitais que têm cenário indefinido são Curitiba, Manaus e Goiânia.