Valor econômico, v. 17, n. 4103, 03/10/2016. Política, p. A8

PT perde espaço no 'cinturão vermelho' de SP

Em 2012, partido elegeu prefeitos em cinco cidades; neste ano, disputará o 2º turno apenas em duas

Por: Adriana Aguiar

 

O Partido dos Trabalhadores (PT) perdeu espaço no chamado 'cinturão vermelho', da Grande São Paulo. Em 2012, o PT elegeu prefeitos em Osasco, Guarulhos, Santo André, São Bernardo do Campo e Mauá. Neste primeiro turno, não teve nenhuma votação expressiva na região e só deve participar do segundo turno em Santo André e Mauá, cidades nas quais os atuais prefeitos tentam a reeleição. Ainda assim, os candidatos ficaram em segundo lugar nesse primeiro turno.

Em Santo André, com 569.662 eleitores, o candidato do PSDB, Paulo Serra, foi o que teve a melhor votação nesse primeiro turno, com 35,85% dos votos válidos. Porém, atual prefeito petista Carlos Grana segue no páreo para o segundo turno por ter tido 20,28% dos votos. O prefeito foi o único da região, entre os petistas, que conseguiu ampliar o de seis para dez o número de partidos aliados e teve uma arrecadação superior a dos outros candidatos do município, que somou mais de R$ 400 mil.

Em Mauá, o candidato do PSB Átila Jacomussi teve 46,73% dos votos válidos. Porém, ainda deverá disputar o segundo turno com o atual prefeito petista Donisete Braga com 22,90% dos votos válidos. O candidato do PSDB Clóvis Volpi, ficou em terceiro lugar, com 20,23%.

No domicílio eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, São Bernardo do Campo, que conta com 611.777 eleitores, o PT não conseguiu emplacar seu candidato. Tarcísio Secoli, ex-secretário de Serviços Urbanos e Coordenação Governamental do atual prefeito Luiz Marinho, ficou em terceiro lugar com 22,57% dos votos. O embate agora segue entre Orlando Morando do PSDB, que contou com 45,07% dos votos válidos e Alex Manente do PPS, com 28,41 % dos votos.

Em Osasco, Jorge Lapas, atual prefeito que trocou o PT pelo PDT e contou nessa eleição com 17 legendas aliadas, deve disputar o segundo turno com Rogério Lins (PTN). A votação foi apertado com 39,44 % dos votos válidos para Lins e 38,55% para Lapas. O candidato do PT Valmir Prascidelli ficou em quinto lugar com apenas 3,54% votos válidos. Celso Giglio, do PSDB, teve sua candidatura novamente cassada pela Justiça Eleitoral.

A cidade de Diadema, primeira a ser administrada pelo PT em 1983, bateu um novo recorde negativo, já que nunca ficou mais de quatro anos sem um governo petista. Maninho está fora do segundo turno com 16% dos votos válidos. No segundo round deverão concorrer o atual prefeito Lauro Michels (PV), que teve 48,10% dos votos válidos, e Vaguinho (PRB), com 21,85%.

Administrada pelo PT desde 2001, a cidade de Guarulhos, com 902 mil eleitores, deve ter segundo turno entre o candidato do PSB, Guti (34,54% dos votos) e Eli Corrêa Filho (DEM) (22,38%). O ex-prefeito petista Elói Pietá (2001-2008) ficou em terceiro lugar com 19,32% votos válidos.

O PSDB porém, ganhou com votação expressivas em cidades importantes na região metropolitana. Uma das cidades paulistas mais ricas, Barueri, com 245.027 eleitores, será comandada pela quinta vez por Rubens Furlan (PSDB), que teve apoio de 23 partidos. Ele e seu grupo político controlam o município há 34 anos. Em Itaquaquecetuba, com 223.259 habitantes, o PSDB também ganhou em primeiro turno com o Dr Mamoru. Ele teve 63,09% dos votos válidos.

Em Mogi das Cruzes, com 67.510 eleitores, o candidato do PSDB, Carlos Nelson, será o novo prefeito com 39,31% dos votos. A cidade não tem segundo turno. Ernani do PT ficou em quarto lugar com 8,74% dos votos válidos. Em Carapicuíba, o candidato do PV, Marcos Neves é o novo prefeito da cidade, com 56,85 % dos votos.

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Sigla é 'limada' no interior e litoral

Ex-tesoureiro de Dilma, Edinho Silva, eleito em Araraquara, é exceção

Por: Fernanda Pires, Camila Maia e Victoria Mantoan

 

Esperança do PT no Estado de São Paulo, Edinho Silva, ex-tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, confirmou o favoritismo e ganhou a eleição em Araraquara, no interior, ao obter 41,71% dos votos válidos, num pleito em que as cidades paulistas "limaram" o partido. Silva venceu sua ex-mulher, a candidata do PSDB, Edna Martins, que teve 28,93% dos votos válidos. Araraquara não tem segundo turno.

O desempenho de Silva, contudo, ficou abaixo do que apontavam as últimas pesquisas. "A minha percepção é que está crescendo um sentimento que vai fazer o voto útil ir para a Edna. Ao final da eleição as distâncias não serão tão grandes quanto pareciam", anteviu, na sexta-feira, o coordenador do laboratório de política e governo da Unesp, Milton Lahuerta, em entrevista ao Valor.

Para o especialista, os votos em Silva vieram das gestões que ele já fez em Araraquara - onde foi prefeito duas vezes -, da proximidade com "certa elite da cidade", e de um sentimento da "juventude indignada" com o impeachment da presidente Dilma.

Em Santos, no litoral paulista, o prefeito do PSDB, Paulo Alexandre Barbosa, se reelegeu com 77,74% dos votos válidos, confirmando todas as previsões. Em segundo lugar ficou Carina Vitral, do PCdoB, com 6,61% dos votos válidos.

O coordenador do Instituto de Pesquisas A Tribuna (Ipat), Alcindo Gonçalves, atribui o resultado a dois fatores. Com exceção de áreas de pobreza circunscritas, Santos é uma cidade sem grandes problemas. E as candidaturas de oposição não foram capazes de se credenciar de maneira efetiva como alternativas.

"A Carina Vitral é uma moça jovem, sem experiência, sem tradição política, não tem relação com a cidade e que sofre o drama de ser da esquerda identificada ao PT", afirma Gonçalves.

É a primeira vez desde 1984, quando Santos retomou a autonomia política e administrativa, que o PT não teve candidato próprio na cidade. Dessa vez, apoiou Carina Vitral, santista de nascimento e que se notabilizou por ter um discurso de luta nacional como presidente da UNE.

Na contramão, São Vicente, cidade vizinha a Santos, enfrentou greves do funcionalismo por falta e atraso de pagamento, com suspensão de serviços básicos, como coleta de lixo e atendimento hospitalar. Não por acaso o prefeito Luís Cláudio Bili (PP), com altos índices de rejeição, não se candidatou. Pedro Gouvêa (PMDB) foi eleito no 1º turno, com 50,46% dos votos válidos, seguido por Kayo Amado (Rede), com 28,10%.

O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), foi reeleito com 65,43% dos votos válidos. O candidato do PSD, Artur Orsi, apareceu em segundo lugar com 15,43%. Marcio Pochmann, do PT, ficou em terceiro, com 15,04%.

A eleição em Ribeirão Preto, também no interior paulista, vai para o segundo turno. Duarte Nogueira (PSDB) ficou com 39,86% dos votos válidos e vai disputar a prefeitura com Ricardo Silva (PDT), que teve 27,86% dos votos válidos já apurados.

No Vale do Paraíba, a cidade de São José dos Campos elegeu no 1º turno o candidato do PSDB, Felício Ramuth. O tucano recebeu 62,22% dos votos válidos - um total de 219.511 votos - e desbancou o atual prefeito e candidato à reeleição, Carlinhos Almeida (PT). O petista ficou com 21,63% dos votos válidos - ou 76.327 votos. O número de abstenções foi de 19,37%. Os votos em branco somaram 3,51% e os nulos, 6,94%.

Ex-ministro dos Portos no governo Dilma Rousseff, o candidato do PMDB, Edinho Araújo, foi eleito prefeito em São José do Rio Preto, interior paulista, com 52,26% dos votos válidos, já no primeiro turno. Em segundo lugar na disputa, Orlando Bolçone (PSB), terminou com 32,2%.

Em Bauru, Clodoaldo Gazzetta (PSD) e Raul Gonçalves Paula (PV) disputarão o segundo turno. Gazzetta teve 45,53% dos votos válidos e Raul, 30,61%. Houve 22,51% de abstenções.