Valor econômico, v. 17, n. 4107, 07/10/2016. Política, p. A9

Teori inclui Lula em inquérito da Lava-Jato

Teori: ministro do STF autorizou a divisão do principal inquérito da operação em quatro diferentes investigações

Por: Carolina Oms

 

O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou ontem a inclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como investigado no inquérito que apura se uma organização criminosa atuou na Petrobras. Lula será investigado no inquérito sobre a atuação do PT na estatal, que vai investigar 12 pessoas.

Teori autorizou ontem a divisão do principal inquérito da Lava-Jato em quatro diferentes investigações. Com a decisão, chega a 66 o número de investigados nos inquéritos que apuram a existência de uma organização criminosa que atuou para desviar recursos da Petrobras, favorecer empresários e financiar campanhas eleitorais.

Na semana passada, o Procuradoria-Geral da República, Rodrigo Janot, pediu para investigar separadamente a atuação do PT, do PP, do PMDB na Câmara e do PMDB no Senado na Petrobras. Em sua decisão, Teori também determinou que os quatro inquéritos retornem à PGR, para que Janot informe quais serão as principais providências a serem tomadas nas investigações - o que pode incluir a quebra de informações sigilosas ou a tomada de depoimentos.

Segundo os investigadores, o avanço das investigações mostrou que a organização criminosa na Petrobras possuía dois eixos centrais, um ligado a membros do PT e outro ao PMDB e haveria ainda uma separação entre os membros do PMDB que estão na Câmara e os que estão no Senado - que atuam de forma autônoma, tanto em relação às indicações políticas para compor cargos relevantes no governo quanto na destinação de propina arrecadada.

"Alguns integrantes de determinadas agremiações se organizaram internamente, utilizando-se de seus partidos e em uma estrutura hierarquizada, para perpetração de práticas espúrias. Nesse aspecto há verticalização da organização criminosa", disse Janot.

A PGR pediu a separação para "otimização do esforço investigativo". De acordo com Janot, a "teia criminosa" presente na Petrobras se divide em uma estrutura "com vínculos horizontais, em modelo cooperativista, em que os integrantes agem em comunhão de esforços e objetivos, e em uma estrutura mais verticalizada e hierarquizada, com centros estratégicos, de comando, controle e de tomadas de decisões mais relevantes".

As investigações apontam que o PP atuava para desviar valores da Diretoria de Abastecimento. Enquanto o PT atuava nos contratos da Diretoria de Serviços e o PMDB na Diretoria Internacional.

O inquérito do PMDB da Câmara tem 15 investigados, entre eles o ex-deputado Eduardo Cunha (RJ), o ex-ministro Henrique Eduardo Alves, o banqueiro André Esteves e o lobista Lucio Bolonha Funaro. Além de deputados de outros partidos que faziam parte da antiga "tropa de choque" de Cunha, como Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Carlos Willian (PTC-MG).

Já o inquérito do PP tem 30 investigados, entre eles, os ex-ministros de Estado Aguinaldo Ribeiro (atualmente é senador pelo PP-PB) e Mário Negromonte. Já o inquérito do PT investiga, além de Lula, os ex-ministros Jaques Wagner, Edinho Silva e Ricardo Berzoini. Por fim, o inquérito do PMDB no Senado tem nove investigados, entre eles, o presidente do Senado, Renan Calheiros e o senador e o ex-ministro de Michel Temer, Romero Jucá.