Título: Chuva de prejuízos no DF
Autor: Almeida, Kelly
Fonte: Correio Braziliense, 15/11/2011, Cidades, p. 25

Ontem, moradores do Lago Sul passaram parte do dia sem luz. Problema atingiu Taguatinga por nove horas no domingo

O impasse entre funcionários e representantes da Companhia Energética de Brasília (CEB) continua afetando o fornecimento de energia aos brasilienses. Desde o último dia 3, os servidores estão em greve. Apenas 30% dos funcionários trabalham em escala de plantão. De acordo com a estatal, pelo menos mil reclamações estão em aberto. O montante conta as queixas dos últimos dias. Na tarde de ontem, representantes dos servidores e da CEB participaram de uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A proposta da empresa será apresentada aos grevistas amanhã. Enquanto isso, a paralisação continua.

Edilson e os filhos ficaram sem tevê e videogame: "Desligados de tudo"

Em algumas quadras do Lago Sul, a energia foi interrompida por volta das 13h de ontem. De acordo com moradores, o problema começou após uma chuva. Até as 20h30, as QLs 14 e 16 permaneciam no escuro. A aposentada Genoveva de Oliveira, 70 anos, ligou diversas vezes para a CEB, em vão. "Eles só falam que estão em greve. Nunca nos dão uma previsão. Estamos na capital federal e temos órgãos importantes aqui. Isso é uma vergonha", desabafou. Na QL 16, o problema era o mesmo. "O que mais me revolta é ligar e eles não nos darem sequer uma previsão. Isso é uma falta de respeito com o usuário. Estou com cinco netos que vieram passar o feriado comigo e estamos às escuras", disse o morador José Carlos Ferreira, 64. A cena também se repetiu na QL 18.

No último domingo, os prejudicados foram os moradores da QNM 38, em Taguatinga Norte. A quadra ficou nove horas sem fornecimento de energia. Às 6h30, um forte vento fez com que dois fios da rede elétrica se chocassem. "Foi uma explosão muito alta. Eu acordei no susto e corri para o quarto dos meus filhos pensando que era algo dentro de casa", contou Edilson de Sousa França, 34 anos. Além do banho gelado, o bombeiro precisou abrir o portão eletrônico manualmente. "Sem contar que ficamos totalmente desligados de tudo. Sem luz, não conseguimos fazer nada. Meus filhos não puderam assistir z televisão ou jogar videogame". Edilson tentou contactar a CEB duas vezes, até que, por volta das 15h30, funcionários da empresa foram à quadra reparar o problema.

No lava a jato de Carlos Henrique Ferreira Bastos, 37 anos, o prejuízo acumulado ao longo do período foi grande. "Deixei de atender, pelo menos, 20 lavagens. A minha mulher e a minha filha precisavam fazer nebulização e não puderam. Eu já nem ligo mais para a CEB, pois eles nunca resolvem o problema rapidamente", reclama. Outra loja afetada na QNM 38 foi a lan house de Jayme Benigno dos Santos, 44. "Perdi muitos clientes. Coloquei uma cadeira em frente ao meu comércio e fiquei dispensando todos. Queda de energia aqui em Taguatinga é constante. Com a greve, fica tudo pior", disse.

De acordo com a assessoria de imprensa da CEB, a companhia conta com 42 equipes de emergência, mas, com a paralisação, o número não passa de 16. Com isso, pelo menos mil chamados ficaram em aberto na manhã de ontem. A prioridade, segundo a assessoria, são as quedas de postes, casos em que rede elétrica fica exposta no chão, transformadores queimados, grandes regiões, hospitais e o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.