Título: O entrave partidário
Autor: Decat, Erich
Fonte: Correio Braziliense, 17/11/2011, Política, p. 3

Nessa crise envolvendo o PDT, a presidente Dilma Rousseff aprendeu uma lição: não dá para um ministro ser, ao mesmo tempo, seu subordinado direto e interlocutor do partido que o indicou para o cargo. Embora o PDT seja hoje presidido por André Figueiredo, é o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, quem dá as cartas na direção partidária. Daí uma das dificuldades de discutir a troca do ministro. Não dá para cogitar nomes com quem está no olho do furacão, lutando para permanecer no cargo.

À exceção dos pedetistas gaúchos, com quem Dilma começou sua carreira partidária ao lado do ex-governador Alceu Collares, não há hoje uma ala do partido que seja próxima da presidente. O atual ministro do Trabalho sempre centralizou essa relação e não abria muito a guarda para que os parlamentares pedetistas tivessem acesso direto à presidente ou mesmo um trânsito mais efetivo com o núcleo palaciano.

Na atual conjuntura, diante dos problemas que o ministro enfrenta, essas pontes foram improvisadas e Dilma ainda não se sente segura o suficiente para escolher entre este ou aquele nome. Por isso, a partir de agora, a ordem é diversificar os contatos não só dentro do PDT, mas também em outros partidos integrantes da base. O que pode custar à sigla de Lupi o único ministério que ostenta na Esplanada.(DR)