Brasil se move para território positivo, diz FMI
Altamiro Silva Júnior
07/10/2016
As políticas econômicas em discussão no momento no Brasil, incluindo as medidas de ajuste fiscal e reformas estruturais, vão ajudar a levar o País para uma trajetória mais estável e, espera- se, mais próspera, afirmou nesta quinta-feira em entrevista à imprensa a diretoragerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
“O Brasil está se movendo para um território positivo”, afirmou Lagarde, destacando que o movimento será o oposto do que vem ocorrendo nos últimos meses, marcados por forte contração da economia. No relatório Panorama Econômico Mundial, divulgado na terça-feira pelo Fundo, a avaliação é que o País está “perto de sair do fundo do poço”.
A estabilização da economia brasileira deve ajudar significativamente a América Latina, avalia a dirigente, na medida em que grande parte da contração do Produto Interno Bruto (PIB) da região se deve à piora do Brasil e de países como a Venezuela.
Para este último, o FMI prevê retração de 10% este ano, enquanto o PIB brasileiro deve encolher 3,3%. O Fundo projeta que o PIB dos países latinos vai encolher 0,6% em 2016 e voltar a crescer no ano que vem, com expansão de 1,6%.
A dirigente foi questionada na entrevista sobre a diferença das previsões para o crescimento do Brasil em 2017 entre o FMI e o Banco Mundial. O Fundo projeta expansão de 0,5%, enquanto a última instituição vê avanço de 1,1%. Segundo Lagarde, a discrepância se deve a diferentes metodologias e referências levadas em conta por cada um dos organismos multilaterais.
Para Lagarde, o crescimento da economia mundial segue decepcionante e a esperada aceleração deve ser puxada pelos países emergentes. A dirigente também alerta para o “sério risco” que um recuo na globalização e no multilateralismo oferece para o planeta.
“Um recuo na globalização e no multilateralismo é um sério risco em um tempo em que a cooperação e coordenação internacional são mais necessários do que nunca”, afirma Lagarde.
Nos últimos dias, o FMI vem alertando sobre as consequências negativas do aumento do protecionismo comercial.
O Estado de São Paulo, n. 44915, 07/10/2016. Economia, p.B6