Título: Além das fronteiras
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 17/11/2011, Brasil, p. 14

Pela primeira vez, o IBGE incluiu no Censo o número de brasileiros residindo no exterior. Seriam 491.645 emigrantes, um número considerado subestimado pelo próprio órgão. Para o Itamaraty, a estimativa chegaria a 3,5 milhões. Jovens de 20 a 34 anos são 60% desse total, sendo a maioria mulheres. A necessidade de venda da força de trabalho é o principal motivo.

O IBGE indica que as redes sociais formadas desde os anos de 1980, quando o Brasil passou por uma forte crise econômica, dão suporte a esses deslocamentos e mantêm os principais emissores, como Minas Gerais — o que mais envia gente para o exterior (16,8%), proporcionalmente — e São Paulo — o vencedor em números absolutos (21,6%). Estados Unidos (23,8%), Portugal (13,4%) e Espanha (9,4%) continuam sendo os principais destinos.

Um exemplo dessa estatística é Daiane Packer, 27 anos, de Jundiaí (SP). A jovem trabalhou em um banco nos Estados Unidos, mas, em 2008, veio a crise e seu visto não foi renovado. Ela foi obrigada a voltar para casa em 2009 e soube de uma seleção para aeromoças de uma empresa aérea em Dubai. Fez os testes e, há quatro meses, vive por lá. "Ganho um bom salário, moro em um apartamento enorme e consigo juntar dinheiro. Aqui tenho oportunidades de crescimento", diz.

Marcelo Toledo, da MTV Intercâmbios, conta que sua agência já enviou mais de 5 mil brasileiros para trabalhar no exterior. Segundo o empresário, a indústria do turismo é a que mais recruta e os mercados emergentes têm oferecido muitas oportunidades. "Estados Unidos e Europa se fecharam para o imigrante. Então, os países em crescimento têm atraído mais força de trabalho", diz.