A valorização de commodities e a expectativa de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 241 — que limita o crescimento das despesas públicas à inflação do ano anterior — animaram os mercados. Ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) subiu 0,92%, encerrando a 61.668 pontos. Foi a quinta alta nos últimos seis pregões, tendo atingido o melhor resultado desde 3 de setembro de 2014.
No mercado de câmbio, o dólar caiu 0,44% em relação ao real, fechando cotado a R$ 3,203, menor nível desde 16 de agosto. Hoje, o Banco Central (BC) vai leiloar 5 mil contratos de swap cambial reverso — equivalente à compra de dólares no mercado futuro. A intenção é evitar que a moeda norte-americana caia muito abaixo do patamar atual.
O petróleo foi a principal commoditie a impulsionar o Ibovespa, índice da bolsa paulista. O barril tipo Brent subiu 2,35%, a US$ 53,15. Analistas atribuíram a valorização às declarações do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que sinalizou a intenção de limitar a produção. A proposta converge com as medidas adotadas por países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), de elevar o preço do insumo no mercado externo. “Nós apoiamos a recente iniciativa da Opep para estabelecer limites à produção e petróleo”, afirmou o líder russo, em congresso em Istambul.
Com a perspectiva de valorização, as ações da Petrobras dispararam. Os papéis ordinários (ON) subiram 3,18%, cotados a R$ 17,49. Já os preferenciais (PN) avançaram 3,21%, a R$ 15,73. A alta do preço do barril também repercutiu em outros mercados. Nos Estados Unidos, o Dow Jones encerrou com alta de 0,49%, em 18.329 pontos. O S&P 500 subiu 0,46%, para 2.163 pontos. O Nasdaq avançou 0,69%, a 5.328 pontos.
O minério de ferro foi outra commoditie a se valorizar. O tipo spot, negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou com crescimento de 1,39%, a US$ 56,65. Diante disso, as ações ON da Vale subiram 6,11%, a R$ 19,05; e as PN avançaram 6,05%.
Fator político
No cenário doméstico, as atenções estavam concentradas no primeiro dia de votação da PEC 241. Nem mesmo o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que considerou a proposta inconstitucional, abalou a confiança do mercado. Para o analista Hugo Monteiro, da BullMark Financial Group, os agentes financeiros simplesmente ignoraram o parecer. “O texto tem apoio de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que concordam que é preciso ter equilíbrio das contas públicas. Ficou claro que não seria barrado”, avaliou.
A depender da aprovação da PEC, Monteiro acredita que haja espaço para a bolsa atingir os 63 mil pontos até o fim de 2016. “Tem algumas empresas que não estão em perspectivas tão positivas, mas, na nossa visão, o cenário macroeconômico vai pesar bastante e vai valorizar o preço dos papéis”, ponderou. Para ele, os mesmos motivos em relação à proposta levaram o real a se valorizar ante o dólar.
Maior confiança
O índice de confiança dos empresários de pequenos e médios negócios para o quarto trimestre de 2016 atingiu 65,17 pontos, uma alta de 8% quando comparado ao terceiro trimestre, de acordo com pesquisa do Insper/Santander. Na divisão por setores, os serviços tiveram avanço de 9,2%, enquanto a indústria subiu 8,1% e o comércio registrou alta de 7,3%. Todos os seis tópicos do indicador apresentaram alta nessa edição da pesquisa. O item com melhor avaliação dos empresários consultados foi a expectativa em relação ao faturamento (71,16 pontos, crescimento de 9,7%), seguida de lucro (10,9%, para 69,59 pontos), ramo (8,4%, para 69,51 pontos) e economia do país (8,3%, para 64,16 pontos).
Correio braziliense, n. 19496, 11/10/2016. Economia, p. 9