Título: Tombini sinaliza juros de 11%
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 17/11/2011, Economia, p. 18
A duas semanas da última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidirá a redução da taxa básica de juros (Selic), só não acertará o tamanho do corte quem não prestou atenção aos últimos recados do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que voltou, ontem, a emitir opiniões relevantes ao mercado. Mais uma vez, Tombini reafirmou que o principal cenário do BC “contempla ajustes moderados na taxa Selic”. A frase foi a mesma usada quando se iniciou, em agosto, a flexibilização da política monetária. A sinalização é clara: os juros vão cair mais 0,50 ponto percentual, com a Selic fechando o ano a 11%.
O presidente do BC discursou durante a posse dos novos analistas da instituição. A ponderação de sua fala ocorreu num momento em que parte do mercado esperava uma atuação mais ousada do Copom para conter a desaceleração econômica. Até ontem, a aposta predominante era de um corte de 0,50 ponto percentual nos juros, mas ainda havia analistas que acreditavam numa redução maior, de até 0,75 ponto. Agora, diante do novo recado, cortes mais expressivos só ocorrerão em 2012, avaliam os economistas.
Arsenal Tombini também usou a cerimônia de posse dos 83 analistas do BC para dizer ao mercado financeiro que o cenário desenhado meses atrás pela instituição estava correto, mas preferiu não comemorar o acerto. “Às vezes, é preciso tempo para que os cenários fiquem mais claros”, disse ele, que rebateu as acusações de imprudência da parte do Copom ao cortar juros mesmo com a inflação em alta. Mais que isso, reforçou que manter os preços sob controle é uma demanda da sociedade e principal missão da instituição.
Para Tombini, o BC tem condições de fazer uma análise profunda, tempestiva, completa e precisa da economia e ter projeções qualificadas das tendências do conjunto de variáveis relevantes. É com esse arsenal que a instituição, a seu ver, consegue reagir “prontamente” a cada mudança significativa no cenário econômico. “Portanto, dado o caráter pró-ativo das ações do Banco Central, às vezes é preciso tempo para que os cenários fiquem mais claros e corroborem as decisões tempestivas adotadas pela autoridade monetária”, justificou. Para Tombini, o tempo dá razão às ações do BC. (VC