Determinado a enviar na próxima semana a proposta de reforma da Previdência Social ao Congresso, o presidente Michel Temer deve antes apresentar o texto aos representantes das centrais sindicais. Essa reunião já está pré-agendada para a próxima segunda-feira no Palácio do Planalto.

Um grupo de aliados chegou a sugerir a Temer que a matéria fosse enviada ao Legislativo nesta sexta-feira, mas o presidente não quer descumprir o compromisso de, antes, discutir o texto com os sindicalistas.

Uma fonte do governo disse ao Valor que a agenda com os sindicalistas ainda está sendo construída, mas tudo indica que a reunião ocorrerá na próxima segunda-feira. Na terça, ou quarta-feira, a proposta seguiria para a Câmara dos Deputados.

Segundo um auxiliar de Temer, uma votação expressiva hoje no Senado da PEC do teto dos gastos - que implica pelo menos 60 votos ao governo - dará solidez para apressar o envio da reforma previdenciária. Na avaliação dessa fonte, esse resultado mostrará que a crise gerada por ex-ministro da Cultura Marcelo Calero não respingou no Senado, e que o governo tem de enfatizar o compromisso com o ajuste fiscal e as medidas de combate à recessão.

O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), chegou a confirmar ao Valor que Temer havia decidido enviar a reforma já nesta sexta-feira. Moura e outros líderes da base na Câmara defendem essa agenda.

Segundo Moura, essa data foi discutida com Temer em reunião ontem pela manhã no Palácio do Planalto, e o presidente considerou relevante encaminhar o texto, já que a matéria está concluída. Mas ele não quer se indispor com os movimentos sociais, sobretudo num momento de crise política, e em que as ruas e as redes sociais estão inflamadas, por causa das acusações de tráfico de influência e advocacia administrativa que atingem Temer.

O calendário que até agora estava em vigor havia sido definido entre Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A ideia era enviar a reforma previdenciária ao Legislativo no dia 14 de dezembro, quando o presidente do Senado calcula que será promulgada a proposta de emenda constitucional que fixa um limite global pra os gastos públicos.

Pelo calendário de votação da proposta, o primeiro turno será discutido hoje, e o segundo turno no dia 13 de dezembro.