Temer fez questão de afirmar ontem, durante entrevista à imprensa no Palácio do Planalto, que a articulação política do governo sempre esteve sob seu próprio comando. Mas não afastou a ideia de continuar tendo um ministro na Secretaria de Governo.
"Nunca deixei de fazer reuniões e manter contato com o Congresso", disse Temer, ao lado dos presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Essa articulação eu faço com muita naturalidade, e o faço por uma razão singela: você tem que dialogar com a força popular que representa o Congresso", acrescentou o presidente.
Temer afirmou estar avaliando "com muito cuidado" quem pode ir para o comando da Secretaria de Governo e apontou o perfil considerado necessário para a função estratégica em negociações do Palácio do Planalto com parlamentares e entes federados.
"Alguém com lisura absoluta e boa interlocução com o Congresso", segundo disse o presidente.
Ao menos até amanhã, quando o Senado espera avançar na análise da proposta que limita o crescimento do gasto público no país, a articulação política do Palácio do Planalto ficará sob o empenho direto de Temer.
Uma saída imediata e de solução considerada fácil seria o acúmulo da função sob a coordenação do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha que, no entanto, já está sobrecarregado. Assessores próximos de Temer que já atuam no Planalto também foram lembrados, mas a hipótese que ganhou maior credibilidade foi a de que o presidente poderia convidar um articulador que não fosse do PMDB. No fim de semana foi mencionado o nome de Antonio Imbassahy (PSDB-BA), ou alguém do PSDB do governador Geraldo Alckmin. Com isso o presidente estaria também acomodando os aliados que disputarão a indicação para presidente da Câmara.
Valor econômico, v. 17, n. 4140, 28/11/2016. Política, p. A6