Planalto fala em lisura ao buscar novo ministro

 

28/11/2016
Bruno Peres
Vandson Lima
 
 
O presidente Michel Temer disse que ainda vai examinar a sucessão de Geddel Vieira Lima à frente da Secretaria de Governo, cargo que faz a interlocução com o Congresso Nacional e, portanto, a complexa e abrangente base aliada do governo Temer. Desde a sexta-feira que se vem discutindo, no governo, os nomes para assumir o cargo. O presidente disse que continuará fazendo a articulação política, como sempre fez, e citou a primeira característica que deve ter o novo ministro: "alguém com lisura".

Temer fez questão de afirmar ontem, durante entrevista à imprensa no Palácio do Planalto, que a articulação política do governo sempre esteve sob seu próprio comando. Mas não afastou a ideia de continuar tendo um ministro na Secretaria de Governo.

"Nunca deixei de fazer reuniões e manter contato com o Congresso", disse Temer, ao lado dos presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Essa articulação eu faço com muita naturalidade, e o faço por uma razão singela: você tem que dialogar com a força popular que representa o Congresso", acrescentou o presidente.

Temer afirmou estar avaliando "com muito cuidado" quem pode ir para o comando da Secretaria de Governo e apontou o perfil considerado necessário para a função estratégica em negociações do Palácio do Planalto com parlamentares e entes federados.

"Alguém com lisura absoluta e boa interlocução com o Congresso", segundo disse o presidente.

Ao menos até amanhã, quando o Senado espera avançar na análise da proposta que limita o crescimento do gasto público no país, a articulação política do Palácio do Planalto ficará sob o empenho direto de Temer.

Uma saída imediata e de solução considerada fácil seria o acúmulo da função sob a coordenação do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha que, no entanto, já está sobrecarregado. Assessores próximos de Temer que já atuam no Planalto também foram lembrados, mas a hipótese que ganhou maior credibilidade foi a de que o presidente poderia convidar um articulador que não fosse do PMDB. No fim de semana foi mencionado o nome de Antonio Imbassahy (PSDB-BA), ou alguém do PSDB do governador Geraldo Alckmin. Com isso o presidente estaria também acomodando os aliados que disputarão a indicação para presidente da Câmara.

 

Valor econômico, v. 17, n. 4140, 28/11/2016. Política, p. A6