Título: Prática é fazer menos com mais
Autor: Caprioli, Gabriel; Bonfanti, Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 28/11/2011, Economia, p. 8

O inchaço da máquina federal iniciado no governo Lula e herdado pela presidente Dilma Rousseff não só onera cada vez mais os contribuintes e favorece a criação de um Estado de burocratas. Também carrega consigo o gene da ineficiência. Para especialistas em contas públicas, a elevação de gastos com o pagamento de aluguéis e contas de água e luz, entre outros custos, parte da ideia de que, para fornecer mais serviços à população, é sempre necessário ampliar a estrutura física e de pessoal.

"Ao lado da elevação de despesas com a folha de pagamento dos servidores, que sozinha já seria suficientemente crítica, há uma expansão conjuntural, que exige mais prédios, salas e dispêndios", avalia o economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini. A seu ver, embora os quadros do governo contenham um bom número de profissionais bem qualificados, a exigência de indicadores de produtividade e qualidade por parte dos gestores ainda é incipiente. "Há uma ineficiência que faz parte da atividade e vai, em alguns casos, do primeiro técnico até o ministro", afirma.

O professor da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro lembra que, apesar de ter um impacto menor do que os gastos com salário nas contas públicas, a expansão física desnecessária dos órgãos do governo contribui especialmente para a proliferação de gestões ineficazes e lentas, o que, indiretamente, aumenta a necessidade de recursos orçamentários. "Não há uma preocupação em rever processos e averiguar se é possível dar mais resultados com menos dinheiro, ou pelo menos com a mesma quantidade já disponível. É uma lógica perversa que só favorece a gastança", critica.

Demanda Com tanta gente na máquina burocrática, o mercado imobiliário de DF só comemora. Governo e servidores que vêm trabalhar em Brasília aquecem ainda mais a demanda por aluguel e compra de apartamentos, jogando os preços para cima. Segundo o vice-presidente do Sindicato da Habitação do Distrito Federal (Secovi-DF), Ovídio Maia, a procura do governo por imóveis aumentou nos últimos anos também por causa da falta de revitalização dos prédios públicos, principalmente dos ministérios. Os edifícios procurados pela União têm acesso fácil e sistemas que reduzem o consumo de energia, diz Maia.