Título: 600 bi para italianos
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Fonte: Correio Braziliense, 28/11/2011, Economia, p. 9

Roma — O Fundo Monetário Internacional (FMI) pode oferecer à Itália um suporte financeiro de 400 bilhões a 600 bilhões de euros, caso se agrave a crise da dívida do país, informou ontem o jornal La Stampa, citando fontes do órgão. Com esses recursos, o novo governo do primeiro ministro Mario Monti ganharia tempo para conseguir aprovar as reformas necessárias para restaurar a confiança do mercado na capacidade de o país pagar a sua dívida.

O "pacote Itália" do FMI, como está sendo chamado, consistiria numa linha de empréstimo de custo bem mais baixo do que a que o país teve que se submeter recentemente, da ordem de 7% a 8% ao ano, para conseguir rolar seus títulos no mercado. Especula-se que a taxa de juros do empréstimo do FMI poderia ficar entre 4% a 5% ao ano.

Segundo o La Stampa, o agravamento da crise de dívida da Europa, que aumentou a pressão sobre os títulos da França e da Bélgica e levou um leilão de bônus da Alemanha ao fracasso, reforça a convicção do FMI de que a Itália é a nação que precisa urgentemente de suporte para evitar um colapso do euro.

O socorro do FMI vem sendo desenhado de forma a contornar o problema que a Itália vem tendo ultimamente com a Alemanha, que tem se posicionado contra a ampliação das compras pelo Banco Central Europeu (BCE) de títulos espanhóis e italianos no mercado aberto para sustentar os preços e, assim, ajudar os países em dificuldades.

Como a magnitude do empréstimo não permitiria ao FMI recorrer unicamente a seus recursos tradicionais, estuda-se a eventual participação do Banco Central Europeu (BCE), que receberia também a garantia do fundo. "Esse cenário foi idealizado de forma a superar as reticências alemãs, caso o empréstimo seja efetuado sob estrito controle do FMI", ponderou o jornal.

Na Itália, a expectativa é que Monti divulgue medidas duras em 5 de dezembro. Elas podem incluir uma taxa sobre moradia e aumento dos impostos sobre vendas. A pressão dos mercados, no entanto, podem fazê-lo antecipar o anúncio. O custo dos empréstimos já retornaram aos níveis perigosos que resultaram na queda do ex-premiê Silvio Berlusconi. Os rendimentos dos títulos de 10 anos encerraram a semana passada a mais de 7,3 %.

Socorro Essa taxa se assemelha àquelas que forçaram Grécia, Irlanda e Portugal a buscar socorro internacional. Um leilão amanhã, de 8 bilhões de euros em títulos de 10 anos, será um teste crucial. Na última sexta-feira, a Itália pagou um rendimento de 6,5 % para vender novos papéis de seis meses, uma taxa que, segundo analistas, não pode durar muito tempo sob pena de tornar o deficit público incontrolável. Segunda maior potência industrial da Europa, um calote da dívida da Itália, da ordem de 1,8 trilhão de euros, poderia destruir a moeda do continente.