Sem as empresas, campanhas municipais tiveram R$ 2,1 bilhões

Fabrício de Castro e Gabriel Manzano

03/10/2016

 

 

TSE mostra que, com doações só de pessoas físicas, candidatos arrecadaram bem menos; especialista vê ‘avanço’. 

Segundo o TSE, os gastos nas campanhas municipais de 2016 chegaram a R$ 2,131 bilhões. Esse valor leva em conta apenas as doações de pessoas físicas, já que neste ano as empresas foram proibidas de doar.

O presidente do TSE, Gilmar Mendes, chamou a atenção para o fato de os gastos deste ano serem menores do que os registradas nas eleições municipais anteriores, de 2012, quando ainda foi possível às empresas fazerem doações aos candidatos.

Naquele ano, o valor chegou a R$ 6,2 bilhões. “As cidades estão mais limpas”, observou.

O presidente do TSE lembrou que o número parcial referente a 2016 corresponde apenas às doações legais. “Não há, obviamente, a captação de caixa 2. Mas também não conseguimos captar em 2012 e a realidade agora, com a investigação da Lava Jato, mostra que o caixa 2 continuou a funcionar.” Para especialistas convidados ontem pela TV Estadão, a proibição das doações por empresas “foi um avanço”, mas a lei precisa ser aperfeiçoada. Para Eugênio Bucci, há um problema – “a porta aberta para o gasto livre, na campanha, de parte dos próprios candidatos”.

“Quem tem mais recursos faz campanha mais rica.” Já o cientista político Carlos Mello, do Insper, se preocupa com a “transparência”. Ou seja, se uma empresa desse recursos a um candidato e depois recebesse um contrato, as investigações iam atrás de retornos e movimentos bancários. “Foi o que fizeram a Lava Jato e outras operações.

Daqui por diante, não se sabe que novos caminhos o caixa 2 vai trilhar.”

 

O Estado de São Paulo, n. 44911, 03/10/2016. Política, p.A21