ALHEIOS - Abstenção bate recorde

Marlen Couto

31/10/2016

 

 

ndice de eleitores faltosos foi maior que o de votos para Freixo

 

Na cidade do Rio, 2,034 milhões de eleitores não escolheram qualquer um dos Marcelos que disputaram a prefeitura — considerando abstenções e votos nulos ou em branco —, o que representa 41,5% dos moradores aptos a votar. O número é superior ao 1,7 milhão de votos conquistados pelo prefeito eleito, Marcelo Crivella (PRB), e também à média nacional, de 32,6%.

Tanto o não comparecimento às urnas quanto a participação de eleitores que votaram em branco ou nulo atingiram níveis inéditos, em comparação às últimas eleições municipais. Nos dois turnos desta eleição municipal, o Rio registrou as maiores taxas entre as capitais brasileiras.

Ontem, a abstenção somou 26,85%, o que corresponde a 1,3 milhão de eleitores, número superior ao de votos recebidos pelo candidato derrotado Marcelo Freixo (PSOL). A média nacional foi de 21,5%. No primeiro turno, o não comparecimento no Rio foi de 24,3%. Em 2008, último ano em que houve segundo turno na cidade, atingiu 20,24%.

Também houve alta de eleitores que anularam ou votaram em branco. Eles somaram 719,4 mil, 20% dos que compareceram às urnas. No primeiro turno, eram 18,26%, enquanto no segundo turno de 2008 representavam apenas 8,6% do total.

Proporcionalmente, as abstenções foram maiores nas áreas centrais e na Zona Sul. Os votos em branco e nulos ficaram acima da média em bairros de todas as zonas da cidade, com destaque para Ipanema, onde somaram 24,2%.

O cientista político Paulo Baía diz que o crescimento do “eleitor de ninguém” não afetou tecnicamente a eleição, mas tem impacto político. Para o pesquisador, o tom agressivo das campanhas contribuiu para o recorde.

— Esses eleitores não acreditam no sistema político, nos políticos e nos partidos — avalia.

 

 

O globo, n. 30401, 31/10/2016. País, p. 13.